Veja como alguns gestores estão lidando com o momento atual e quais suas perspectivas para o final do ano.

Inevitavelmente o momento atual gera diversas expectativas, o fim do ano está chegando e é preciso manter o controle. Grandes fundos de investimentos precisam manter seus bons desempenhos, já os que estão para trás, precisam tomar medidas, sem tropeçar, para voltar aos trilhos.

Resistir à tentação de adotar medidas desesperadas é a sugestão mais prudente para se manter firme neste fim de ano.

O cenário conta com a segunda onda de covid-19 na Europa, as eleições e a esperança de ter uma vacina eficaz já nos primeiros meses de 2021.

Cada um destes fatores tem uma influência nos mercados e nas emoções dos investidores.

Dahlia Capital: Nasce uma nova onda de fusões e aquisições

Por conta do momento que vivemos, mais fusões e aquisições podem surgir no mercado. A taxa de juros continua baixa, o que reduz o custo de financiamento de uma aquisição. Surge também um destaque para as vantagens competitivas, deixando as empresas com mais apetite pelo mercado, onde a pressão aumenta para as menos eficientes ou o poder de compra das grandes empresas.

Nasce uma nova onda de fusões e aquisições. A Dahlia Capital buscou descobrir qual o motivo que leva as empresas à esse movimento. Os principais são: crescimento, pois a combinação de duas empresas pode levar a aumento da escala; diversificação de produtos; proteção de mercado; arbitragem de margens, custo de capital ou de múltiplos. A estratégia é controversa e é preciso um alinhamento entre funcionários, fornecedores e clientes.

Para eles outubro foi um mês muito volátil e o futuro vai depender muito de fatores como as eleições americanas, vendo maior volatilidade no dólar e no preço das ações no curto prazo.

No Brasil, a taxa de juros de 2%, junto com o valor do câmbio, traz o questionamento se isso vai continuar tendo um crescimento mais forte de PIB nos próximos anos.

Nas carteiras os gestores destacam que seguem acompanhando de perto várias operações. Os resultados trimestrais das empresas listadas em bolsa estão em pleno vapor e demonstrando alguns desempenhos acima da expectativa. A disputa pela Linx, entre Stone e Totvs e a consolidação do setor de saúde é algum dos exemplos. Em termos gerais, a casa segue comprada em Bolsa, NTNBs, dólar e ouro.

Ibiuna Investimentos: ajustes para o fim do ano

A Ibiuna Investimentos afirma que pelo terceiro mês consecutivo o mercado acionário brasileiro apresentou rentabilidade negativa no período, com o Índice Bovespa caindo 0,7% em outubro. Até a última semana do mês de outubro a performance era positiva, mas com a crescente onda de casos de Covid-19 na Europa e também os crescentes números de casos, internações e óbitos nos Estados Unidos, derrubaram os mercados acionários do mundo.

Sobre a economia doméstica, eles afirmam que o processo de recuperação continua. O destaque vai para o setor de Serviços, que inicialmente foi o mais afetado por conta das medidas de isolamento social da pandemia. Ele apresenta uma melhora gradual, enquanto os setores de Comércio e Industrial já se recuperam de maneira relevante.

Quanto aos movimentos dos gestores, eles relatam que aumentaram as posições com a Petz, Suzano e também com a JBS. Por outro lado reduziram as posições com o Itaú e o Bradesco após a publicação do resultado trimestral de Santander que trouxe uma queda relevante das receitas financeiras.

Os gestores da Ibiuna entendem que essa dificuldade em manter as margens financeiras é decorrente principalmente do mix das carteiras de crédito durante o período de pandemia, acreditando que essa pressão pode se prolongar por mais um trimestre. Mesmo assim, afirmam que seguem com perspectivas construtivas de retornos do setor bancário para 2021.

Kinea Investimentos: adaptações conforme o resultado

A Kinea Investimentos organiza suas estratégias conforme os resultados. Para juros e inflação afirma resultado negativo. As taxas seguem pressionadas com as dúvidas sobre a trajetória fiscal. Eles afirmam que seguem posicionados em títulos curtos e intermediários nominais e reais no Brasil.

Segundo os gestores, atualmente os preços do mercado refletem uma expectativa de alta da taxa Selic para 2021 e 2021, porém, segundo eles, essa tendência de choque nos juros é improvável por dois fatores:

(I) Apesar da recuperação econômica nos últimos meses, o país ainda está em depressão econômica com o PIB aproximadamente 10% abaixo do pico de 2014.

(II) O arcabouço fiscal tem sido esticado com a pandemia, mas o presidente não deve optar por uma ruptura, dado a memória ainda recente da crise fiscal de 2015/2016.

Sobre as ações o resultado foi neutro. Apresentando ganhos no mercado internacional compensando com resultados negativos no Brasil. Durante o mês o a opção por adicionar proteções ocorreu em virtude da piora do cenário da pandemia.

No mercado internacional, a casa segue posicionada em ações para a reabertura da economia (como turismo, varejo de desconto, restaurantes), além de tecnologia e industrias.

No Brasil, o foco está direcionado ao setor de commodities, telecomunicações, shoppings, ecommerce, serviços financeiros e aluguel de veículos.

Para Commodities o resultado foi negativo. Os gestores explicam que foi por conta da performance negativa do petróleo, eles optaram por sair da posição por incerteza no efeito demanda e estoques. E informam que o ouro segue como ativo de proteção em caso de um cenário de repressão financeira.

Por fim, em moedas e cupom cambial o resultado foi positivo. Eles afirmam que investem em moedas baratas, onde o risco de repressão financeira é menor.

Occam: acontecimentos do mercado separados em quatro categorias

Os gestores da Occam separam suas visões de mercado em quatro categorias. A primeira é internacional. A pandemia e as eleições podem desencadear uma nova rodada de redução da atividade e a possibilidade de novos estímulos monetários e fiscais. Mesmo assim, apesar dos estímulos fiscais norte-americanos serem positivos para a economia global, eles ressaltam que o vetor mais importante para o fim da parte mais crítica da crise global é a vacinação em massa da população.

A segunda categoria é o Brasil. A política fiscal continua como uma das principais incertezas do cenário. A inflação começa a mostrar sinais de normalização antes do antecipado, com reflexo na elevação das projeções, e os dados de mercado de trabalho têm surpreendido positivamente, mantendo um viés positivo para o crescimento no curto prazo.

A terceira categoria é juros e câmbio. Em outubro a volatilidade permaneceu elevada, eles continuam mantendo posições tomadas em juros e compradas em dólar contra o real.

A quarta e última categoria foi sobre a Bolsa. Eles afirmam terem reduzido o risco da carteira neste período de maiores incertezas e expectativa de alta volatilidade. Destacam positivamente as commodities metálicas, consumo e elétrico, e negativo para financeiro não-bancário e mercado externo.

Em carta, a Occam, afirma que entra em novembro com menor exposição/risco, deixando a carteira preparada para capturar assimetrias que esse período de alta volatilidade está gerando.

Safari: um olhar mais atento para as empresas em transformação

Os gestores reforçam que gostam de olhar as empresas em transformação, aquelas que passaram por dificuldades, mas que tem um horizonte de retornos interessante pela frente. Magazine Luíza, desde 2016 é uma dessas empresas presente no portfólio.

As transformações não seguem um calendário e, muitas vezes, acontecem em períodos que não são possíveis de prever. Como com a Natura, outra empresa no portfólio da casa, que de 2011 a 2018 teve retorno próximo de zero; do início de 2019 até agora subiu mais de 100%. Por outro lado, a Ambev fez quase o caminho inverso, tendo subido mais de 140% entre 2011 e o início de 2018 e, de lá para cá, já caiu quase 50%.

As companhias de e-commerce tem tido uma participação relevante no portfólio, da ordem de 20% do patrimônio, divididos em alguns nomes como Magazine Luíza e Mercado Livre.

Com relação à transformação pela qual passa o mercado de investimentos, BTG é o nome que permanece na carteira do fundo.

Suzano é outro nome defendido pela casa, reforçando a incomparável vantagem que a empresa possui em seu mercado, combinando a elevada tecnologia agrícola com posição geográfica ideal.

As novidades da carteira são: Hapvida e da Notre Dame Intermédica.

O Safari 45 FIC FIM II (Safari Long Bias) caiu 4,7% em setembro; as maiores contribuições positivas foram Magazine Luíza, Suzano e Arezzo. Do lado negativo, CVC, Lojas Renner e Natura.


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