Os resultados divulgados pelas empresas com ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) mostra nitidamente os efeitos da pandemia na economia. Com o preço das commodities minerais em baixa, Petrobras e Vale viram suas receitas em queda. Já o Itaú sofreu com o marasmo na atividade econômica e a Ambev vendeu menos do que no ano passado, um sintoma do consumo fraco. Veja a análise dos resultados.

Petrobras (PETR4) – Mesmo com uma redução nos resultados anualizados em 8%, a Petrobras conseguiu alcançar um Ebitda que surpreendeu o mercado: R$ 33,6 bilhões. O dado ficou 3% acima do mesmo período do ano passado. Na análise de Gabriel Francisco, analista de Petróleo e Gás da XP Investimentos, os dados mostram resiliência da estatal diante de um cenário de preços mais baixos do barril do petróleo.

“Em um trimestre em que preços de petróleo Brent foram em média de US$ 43 o barril, a companhia conseguiu uma geração de caixa em patamares extraordinários”, afirma Francisco, que enxerga margem para valorização dos papéis da empresa nos próximos meses.

Vale (VALE3) – A Vale também apresentou bons resultados em sua última linha. A empresa atingiu R$ 57,9 bilhões de receita no 3T20, apresentando queda de 42,4% na comparação com mesmo período do ano passado. O lucro bruto, por outro lado, atingiu R$ 32 bilhões, crescimento de 77,5% na comparação com o 3T19. Sua produção de cobre ainda está 11,2% menor que a produção do terceiro trimestre de 2019. Além disso, suas vendas tiveram queda de 3,5% ante o trimestre passado.

“O destaque negativo fica com o minério de manganês, que teve uma queda de 75,4% em comparação com o 3T19. Isso se deve majoritariamente à paralisação da mina do Azul e às manutenções não programadas da mina de Urucum”, explica Tiago Reis, fundador da Suno Research.

Ambev (ABEV3) – A Ambev obteve lucro líquido de R$ 2,359 bilhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 9,4% frente ao reportado no mesmo período do ano passado. O lucro atribuído aos controladores ficou em R$ 2,27 bilhões – surpreendendo positivamente os investidores. Para a direção da gigante do setor de bebidas, o terceiro trimestre foi marcado “pela contínua recuperação em formato V”. A XP colocou recomendação de compra sobre a ação da empresa, em razão de perspectivas mais favoráveis para seus produtos nos próximos meses.

“Enxergamos melhora nos volumes de vendas da Ambev no curto prazo, aliados a uma potencial recuperação macroeconômica no Brasil, mesmo com o término do auxílio emergencial”, diz Larissa Pérez, analista de Agro, Alimentos e Bebidas da XP.

Itaú (ITUB4) – O trimestre confirmou os resultados pouco animadores esperados para o banco. O Itaú apresentou um lucro líquido de R$ 4,5 bilhões, uma baixa de 19,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. O custo de crédito no período foi de R$ 6,319 bilhões, o equivalente a uma baixa de 18,7% em relação ao trimestre anterior. O recuo foi atribuído à “menor necessidade de constituição de provisão para perdas no banco de atacado no Brasil, compensado parcialmente pelo aumento da despesa no banco de varejo no Brasil”, disse a instituição financeira em comunicado.

“Acreditamos que os resultados confirmam uma tendência de recuperação após um 1S20 bastante fraco, uma vez que as despesas com PCLD apresentaram queda significativa e a receita de serviços se recuperou em relação ao trimestre anterior. Por outro lado, apontamos uma fraca renda líquida com juros impactada por cortes de taxas de juros sobre capital de giro e um mix com linhas de crédito de spread mais baixo”, apontou o Banco Safra em relatório de análise dos resultados do Itaú.

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