Ao analisar os números de março, a CCEE ponderou que o consumo recuou 1,5% mesmo com março de 2020 tendo 4,5 dias úteis a mais do que em março de 2019, uma vez que o feriado de carnaval este ano ocorreu em fevereiro.
“Ao expurgarmos o efeito do carnaval, a média diária do consumo sofreu redução de 19,4%”, afirmou a entidade, em seu site. Outro fator que ajudou a diminuir a demanda por energia foi o registro de temperaturas mais amenas este ano.
Segundo a CCEE, o consumo de energia no mercado cativo (distribuidoras) recuou 2,9%, por conta da migração de consumidores para o mercado livre, passando de 45,021 mil MW médios para 43,706 mil MW médios. Excluído este efeito, a queda seria de 1%. Entre as regiões do País, houve retração de 5,3% na demanda do Sudeste/Centro-Oeste e de 1,4% no Nordeste. No Sul, ficou ligeiramente estável, com alta de 0,9%, e, no Norte, cresceu 3,1% no período.
O mercado livre, por sua vez, apresentou um crescimento de 1,8% entre março de 2020 e igual mês de 2019, passando de 18,89 mil MW médios para 19,23 mil MW médios. Ao expurgar o efeito da migração de novos clientes do mercado cativo, a demanda por energia no ambiente de livre contratação teria recuado 2,9%. Entre as regiões do País, houve aumento de 2,4% no consumo no Sudeste/Centro-Oeste e de 9,4% no Norte. No Sul, a demanda ficou ligeiramente estável, com um recuo de 0,3%, e no Nordeste, houve retração de 2,9%.
Ainda sobre o mercado livre, a CCEE registrou crescimento de 13,1% na demanda dos clientes especiais (que só compram a oferta de fontes renováveis, como eólica e solar), de 3,179 mil MW médios para 3,596 mil MW médios. Excluída as novas migrações, teria ocorrido uma queda de 5,9%. Já o consumo dos clientes convencionais ficou estável, com variação negativa de 0,1%, para 13,653 mil MW médios. Sem as novas migrações, a retração teria sido de 1,9%. Os autoprodutores, normalmente grandes indústrias eletrointensivas, tiveram recuo de 4,6% na demanda por energia, para 1,932 mil MW médios.
De acordo com a CCEE, os segmentos que registraram as maiores quedas do consumo no mercado livre foram: veículos (12,7%), transporte (8,6%), têxteis (8,5%), bebidas (7,3%), serviços (4,4%) e extração de minerais metálicos (1,8%). As maiores altas, por sua vez, vieram dos setores de saneamento (23%), alimentícios (11,9%), comércio (11,8%), metalurgia (3,6%) e manufaturados diversos (3,3%) e madeira, papel e celulose (2,2%), crescimento influenciado fortemente pelas novas migrações de clientes.
Excluindo as novas cargas que migraram para o mercado livre ao longo dos últimos meses e comparando com o consumo de energia dos clientes existentes em março de 2019, os dados da CCEE revelam os impactos do coronavírus na economia brasileira. O setor de serviços lidera o ranking da queda do consumo, com -15,5%, seguido por veículos (-15,3%), têxteis (-11,8%), bebidas (-11,6%) e transporte (-11,1%). Os únicos segmentos que apresentaram crescimento foram o alimentício (+4,4%), de saneamento (+2,9%) e de metalurgia (+2,8%).
Produção de energia
Os dados da CCEE também mostram que a produção de energia em março de 2020 recuou 0,8% em relação mesmo período de 2019, de 67,16 mil MW médios para 66,60 mil MW médios. Mesmo com a queda do consumo, a produção de energia das hidrelétricas aumentou 2,4%, passando de 54,08 mil MW médios para 55,38 mil MW médios. Esse crescimento na produção hídrica reflete a melhora substancial nas condições de operação dos reservatórios das usinas do Sudeste, Nordeste e Norte, por conta do cenário hidrológico favorável dos últimos dois meses.
Com isso, a geração térmica diminuiu 16,7% no período, passando de 9,02 mil MW médios para 7,52 mil MW médios. Essa redução se deve ao menor despacho das usinas a gás natural, de 15,9%, de 3,90 mil MW médios para 3,28 mil MW médios, e a retração da geração a carvão, de 32,2%, de 1,13 mil MW médios para 770 MW médios.
A geração eólica registrou redução de 13,9% no mesmo período de comparação, de 3,56 mil MW médios para 3,06 mil MW médios. A produção de energia solar teve aumento de 29,2%, para 631 MW médios. Com esse resultado na geração, o risco hidrológico (GSF) foi de 121,21% em março de 2020.
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