“Mas a falta do poder de compra da população e do empresário faz com que essa sinalização de corte da Selic quase passe despercebida”

O Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, sinalizou na última segunda-feira um novo corte na taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 3,75%. O corte deve ocorrer na próxima reunião, que ocorrerá em maio, do Comitê de Política Monetária (Copom). No último documento publicado pelo BC, a taxa de juros ficou projetada a 3% para o final do ano de 2020. Ou seja, uma redução de 0,75% do valor atual. Contudo, a expectativa é de que nessa reunião a Selic sofra uma redução de 0,25% a 0,5%. Neto disse que a oferta de crédito pelos bancos começou a fluir e que está disposto a tomar novas medidas que gerem aumento de oferta de crédito, caso necessário.

Guto Ferreira, Analista Político-Econômico da Solomon’s Brain, afirma que a queda Selic se torna mais vantajoso para pegar crédito, uma vez que os juros, em tese, devem abaixar. Sendo assim, pode ser uma tentativa de aumentar o consumo de crédito relativamente parado. No entanto, pode se tornar prejudicial caso o consumo não venha, pois tem poucas pessoas pegando crédito a um juros baixo, então, a movimentação que o Governo espera pode não acontecer. “Primeiro que o banco está dando uma sinalização para consumir, demonstrando que estão fazendo o máximo para que vocês possam consumir crédito com um juros menor. Essa é a principal sinalização. Mas a falta do poder de compra da população e do empresário faz com que essa sinalização quase passa despercebida. No momento de recuperação econômica é óbvio que os empresários vão querer uma taxa de juros mais baixa, senão eles vão quebrar de qualquer jeito, isso pode ser importante na recuperação, mas isso está um pouco difícil dessa recuperação pegar no empresariado”, explica o Analista Político-Econômico. “O grande problema é que os bancos encaram esse momento como um período muito grave, de muito risco. Então, eles acreditam que muita gente vai tentar pegar o crédito para um consumo desenfreado, ou mesmo para pagar muitas dívidas e não vai ter dinheiro para pagar o banco. Por isso que acaba ficando mais caro, porque é o preço que se paga pelo risco do banco para emprestar para a população ou para o empresariado”.

Mas para Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, o corte da taxa de juros não será prejudicial. “Quando a economia está aquecida pode ser prejudicial, mas não é o caso atual, pois reduzir a inflação leva ao aumento da inflação”, esclarece. O Economista-Chefe enfatiza que a queda da Selic reduz os custos de captação dos bancos e aumentam sua inclinação a dar empréstimos.

“Quando a economia sofre uma parada tão forte como essa, a capacidade financeira dos agentes (empresas e famílias) é reduzida pela queda do faturamento e da renda. Como o risco aumenta, os bancos elevam a taxa de juros nos empréstimos”, justifica sobre aumento de taxas de cedências às empresas.

Para Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, o corte na taxa de juros não é prejudicial, pois existe toda uma expectativa. “O mercado financeiro sempre olha inicialmente com uma sinalização de estímulo, e o estímulo é sempre positivo para a economia e é assim que o mercado olha. Tanto que, a gente viu a bolsa puxar, ela acabou devolvendo um pouco por motivos políticos, não devido ao corte de juros, tanto é que a gente viu o dólar subir, porque o dólar tem uma fuga de capital do país com o corte de juros, porque investimentos atrelados a juros não tem mais interesse, então, eles acabam fugindo do país, mas para a bolsa é superpositivo”, justifica sobre. Sobre beneficiações das linhas de crédito, diz que não tem impacto direto. “Demora um pouco mais para chegar no consumidor final ou até mesmo a linha de crédito, e nesse momento de crise, o que o mercado não está dando é crédito, os grandes bancos estão dificultando bastante a linha de crédito justamente pela preocupação da inadimplência.” Sobre as taxas, o Estrategista-Chefe explica que estão mais caras devido ao coronavírus, mas que aos poucos, quando for retomando e abrindo a economia novamente, isso tende a precificar e melhorar. “Mas por enquanto, como o pessoal está sem trabalho e o desemprego tende a aumentar, mesmo com o corte de juros as taxas vão ficar mais altas, porque o banco não vai dar dinheiro sabendo que o risco de calote é gigantesco”, finaliza.

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