No dinâmico mundo dos investimentos, um tipo de aplicação tem pedido passagem entre quem tem maior apetite por risco: as moedas virtuais. Criadas na internet, sem lastro e nem regulação governamental, moedas como o Bitcoin, ZCash e Ether têm disparado de valor nos últimos meses. O Bitcoin, que no final de 2013 custava US$ 1 mil a unidade e em 2015 caiu para cerca de US$ 200, se recuperou – e com sobras: em maio deste ano passou a ser negociada por US$ 1,5 mil (superando a onça do ouro, que é de US$ 1.257) e hoje já chega a US$ 3.391 (ou R$ 10.601).

Os números enchem os olhos, mas analistas consideram os riscos igualmente altos. A começar pela falta de regulamentação e a descentralização nas negociações, que ocorrem em “bancos” e “bolsas” virtuais, e trazem a preocupação de quem deve ser procurado caso o dinheiro desapareça: em 2014, a bolsa de negociações de bitcoins chamada MT Gox, sediada em Tóquio, sumiu com o equivalente a US$ 350 milhões de bitcoins de investidores, e o próprio corretor chegou a ser apontado como suspeito.

“Quem tem o objetivo de ganhar dinheiro com especulações, definitivamente não precisa do Bitcoin. Existem outras formas de especular no Brasil em mercados que são regulamentados. É possível especular comprando e vendendo moedas estrangeiras e ouro”, avalia o educador financeiro Leandro Ávila. “Tudo que se faz na bolsa, através das corretoras, é regulamentado. Se ocorrer qualquer problema, poderá ser rastreado, investigado e os responsáveis serão responsabilizados e punidos por prejuízos. O mesmo não ocorre quando envolve moedas virtuais”, completa.

Ávila aponta como risco adicional a ausência de informações sobre tendência ou previsibilidade das moedas virtuais, que deixam quem aplica sem ter como traçar uma estratégia de compra e venda. “O investidor tem condições de avaliar se o preço do café tem maior probabilidade de aumentar do que cair nos próximos meses, por dados estatísticos e até informações meteorológicas. Mas quando entramos no universo das moedas a situação fica mais complicada”, aponta.

Uma crítica distinta da econômica, mas que igualmente afeta a vida de todos, é que o Bitcoin não é rastreável, o que possibilita seu uso para fins criminosos, como lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e tráfico de humanos. Do ponto de vista da segurança, apesar das ferramentas de criptografia disponíveis para proteger o patrimônio dos usuários, especialistas dizem que há o risco de roubo por hackers ou corrupção de dados por malwares.

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No entanto, Vitor Nagata, especialista em investimentos e editor do Blog do Investidor, avalia que este risco não existe. “O Bitcoin é seguro, do ponto de vista de fraudes e roubos, graças a um conceito muito interessante chamado Blockchain, que é a grande inovação por trás do Bitcoin”. Blockchain é um sistema criptografado de proteção de contas de um sistema financeiro virtual. Apesar disso, Vitor não vê a moeda virtual como uma boa opção de aplicação. “Acredito que o Bitcoin será cada vez mais aceito, até como alternativa viável e vantajosa para usos simples como viagens e compras no exterior, por exemplo. Mas isso não significa que seu preço irá se valorizar indefinidamente e de forma acelerada como foi nos últimos meses: o preço futuro do Bitcoin é uma grande incógnita”.

Como os Bancos Centrais de países desenvolvidos têm negado em mais de um caso a criação de mecanismos regulares de investimentos em bitcoins (como ETFs, bloqueado pelo BC americano), os investimentos nas moedas virtuais passam por “bancos virtuais”, em que é preciso se cadastrar e criar uma carteira virtual. Alguns exemplos são os sites Coinbase.com e Blockchain.info. Para vender, é preciso se registrar em um mercado de bitcoins, onde, depois de encontrar um comprador, o website intermediará a negociação. Um alerta é que encontrar um comprador pode não ser tão rápido, o que compromete a liquidez da moeda, dizem analistas.

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