O Amapá tem capacidade para gerar 15 milhões de metros cúbicos de biogás por ano, a partir de resíduos sólidos urbanos e dos rejeitos da piscicultura, o suficiente para gerar cerca de 31.136 megawatts-hora (MWh) de energia elétrica e abastecer quase 11.800 residências ou 50 mil pessoas, informa o Instituto Escolhas, que em maio já havia entregue ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, um estudo mostrando a vocação da Região Norte para a produção do biocombustível.

“Os números são ainda conservadores, já que o biogás pode ser produzido também com outras matérias-primas orgânicas. É a transformação do lixo em uma fonte energética, garantindo suprimento local e dando destinação correta aos resíduos”, explica o estudo.

O potencial do Amapá para o biogás (31.136 MWh) equivale a toda população de Laranjal do Jari, terceira maior cidade do estado, e poderia também ser utilizado pelas indústrias locais, como as do peixe e açaí, evitando que sua produção fosse perdida pela falta de refrigeração, situação vista hoje, informa o documento produzido em parceria com a Instituição de Ciência e Tecnologia, CIBiogás.

“Diante do caos energético que vive o Amapá, fica claro que precisamos de um programa de energia para a Amazônia. São vidas de milhares de pessoas e negócios prejudicados e que poderiam se beneficiar do biogás. Uma fonte de energia local traz segurança à população e pode destravar o potencial de cadeias de valor da bioeconomia”, segundo disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues.

Há uma semana, o Estado do Amapá sofre com a falta de energia elétrica causada por um incêndio do único transformador em operação da empresa responsável pela transmissão da energia. As causas e as responsabilidades pelo apagão ainda estão sendo apuradas, enquanto 70% da população vive em racionamento e 30% das cidades continuam sem nenhum abastecimento.

Em dezembro será publicada a versão completa do estudo, que trará números mostrando que a população e os negócios do Amapá poderiam, com o biogás, não só evitar a situação de calamidade e prejuízos decorrentes da falta de energia, mas também estruturar o crescimento da economia regional.

O trabalho vai revelar ainda os potenciais de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos e da piscicultura para outros três estados: Amazonas, Roraima e Rondônia. No início de 2021, o Instituto Escolhas e o CIBiogás fornecerão um mapa completo do potencial de geração de biogás em toda a Amazônia, incluindo também os resíduos da produção de mandioca.