Da euforia de um agosto espetacular para um setembro sem graça, sem show, valendo o bordão do meme “que xou da xuxa é esse?” para saber, no fundo, o que está acontecendo com o Ibovespa? Nesta quarta (9), o principal índice da Bolsa atingiu o menor nível de fechamento em dois meses (-1,18%, aos 129.962 pontos), com os investidores reagindo a preocupações com a política fiscal e à divulgação do IPCA de setembro, que fechou em alta de 0,44%.
O Ibovespa terminou setembro com perdas de 3,08% e assim, retornou à zona vermelha no acumulado de 2024. Até o último pregão de setembro, a desvalorização chegou a 1,77% no ano. Será que as oscilações e os impactos de fatores externos seguirão em outubro?
A maioria dos analistas prevê um mês de outubro com alta volatilidade, ou seja, com grandes oscilações nos preços das ações. Outros acreditam que o Ibovespa deve fechar o mês com um desempenho neutro, sem grandes altas ou baixas. E há os otimistas que enxergam oportunidades de compra em determinados setores, como bancos, commodities e energia.
O after – Nesta quinta-feira (10), o Ibovespa operou em alta, enquanto o dólar renovava mínimas no mercado à vista. Fechou preliminarmente (16h55) com alta de 0,30%, aos 130.358,22 pontos; dólar comercial cai a R$ 5,58.
O movimento da alta é explicado pela divulgação de dois dados importantes nos EUA: o número de pedidos de seguro-desemprego e o índice de preços ao consumidor (CPI), que são acompanhados de perto pelo FED, que tem o pleno emprego e a inflação em 2% como meta.
Fatores que impactam a queda do Ibovespa
Aumento das taxas de juros: No Brasil, a alta dos juros pressionou ações de empresas mais alavancadas, especialmente no setor de varejo, como Assaí (ASAI3) e Magazine Luiza (MGLU3). O aumento do custo financeiro afeta diretamente essas empresas, dificultando sua recuperação financeira e prejudicando os resultados.
Desempenho fraco de commodities: A desaceleração da economia chinesa reduziu a demanda por minério de ferro e petróleo, dois componentes-chave do Ibovespa. O preço do minério de ferro caiu para níveis baixos não vistos em dois anos, e o petróleo Brent recuou cerca de 11% no mês.
Incertezas globais: No cenário externo, a postura mais rígida do FED dos EUA em relação à política monetária aumentou a aversão ao risco. A expectativa de que os juros nos EUA permaneçam elevados por mais tempo afetou negativamente os mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Inflação
O IPCA divulgado ontem (9) pesou muito para a queda de 1,18% do Ibovespa. Os dados mostraram aceleração da inflação e fizeram as taxas dispararem, com o entendimento de que o aperto monetário para conter o avanço de preços deverá ser mais agressivo. Ou seja, mais juros podem estar a caminho.
De acordo com Felipe Castro, especialista da Matriz Capital, o desânimo dos investidores se justifica, parcialmente, pelo IPCA divulgado, que reverteu a deflação observada no período anterior e veio levemente abaixo da expectativa do mercado, impulsionado pelos produtos alimentícios e pela energia elétrica.
Também a ata do FED com os detalhes da decisão de baixar os juros evidenciou a tendência de desaceleração da economia dos EUA, com consequente risco de aumento de desemprego. “Isso, avaliza a tendência de baixas menores nas próximas reuniões — o famigerado pouso suave”, disse Castro.
Quer dizer: os juros mais altos devem permanecer não só no Brasil, mas também nos EUA, que talvez não possam reduzir as taxas na velocidade que o mercado gostaria. Com a perspectiva de cortes menos agressivos, os juros dos títulos públicos americanos (treasuries) voltaram a subir. Esse é um movimento que ajuda na valorização do dólar em relação a moedas emergentes como o real.
(Fontes: InfoMoney; E-Investidor, Seu Dinheiro; Valor; Investing.com, B3)