Hoje, foi dia de Bovespa aparar um pouco os excessos de preocupação, principalmente, no que tange a Petrobras e leilões de campos e blocos realizados pela ANP. Ontem, os mercados desequilibraram bastante depois que ficou comprovada a frustração com o leilão do excedente da cessão onerosa, mas hoje a reação foi muito menor e logo em seguida houve boa recuperação dos mercados.
Os mercados no exterior ajudaram bastante, com Bolsas da Europa fechando em alta, mercados americanos também acelerando ao longo de todo o dia e o petróleo em boa alta, até por conta das pressões exercidas pela Arábia Saudita para ampliar cortes, muito em função do enorme IPO da Aramco.
O BOE (Banco Central Inglês) realizou reunião sobre política monetária mantendo os juros em 0,75% e compra de ativos de 435 bilhões de libras. O diferente ficou por conta da divergência de dois membros querendo a redução de juros, a primeira dissidência desde 2016. Mark Carney, presidente do BOE, seguiu o jargão comum que fará o necessário para a economia, mas a percepção é que a economia global está ficando mais forte e no Reino Unido algumas incertezas com o Brexit foram afastadas.
Nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior encolheram 8.000 posições para 211.000, de previsão que ficasse em 215.000 pedidos. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,42%, com o barril cotado a US$ 57,15. O euro era transacionado em queda leve para US$ 1,105 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em forte alta para 1,92%. O ouro e a prata em quedas fortes na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro registrou queda de 0,36% na China e a tonelada fechou cotada a US$ 83,17.
No cenário local, a inflação oficial medida pelo IPCA de outubro mostrou alta de 0,10% (anterior em -0,04%) acumulando inflação no ano de 2,60% e em 12 meses de 2,54%. Citamos energia com queda de 3,22% e habitação com -0,61%. Houve deflação em três dos nove grupos considerados. Em novembro, pode haver repique na inflação de 12 meses. Já o IGP-DI de outubro mostrou alta de 0,55% acumulando em 12 meses, expansão da inflação de 3,29%.
Sobre o leilão de blocos exploratórios, houve somente oferta da Aram da Petrobras com 80% e sociedade chinesa da CNOD estatal com 20%. Para os demais quatro blocos não houve interesse dos inscritos e nem mesmo da Petrobras que falava em três blocos de interesse. O governo pretende rever o sistema de partilha e Paulo Guedes disse que isso só acontece nos interesses franceses na África. Nos demais países, vigora majoritariamente sistema de concessões.
Paulo Guedes também declarou que com a queda dos juros as despesas nesse item devem encolher R$ 100 bilhões em 2020. No mercado, os DIs tiveram dia de alta de juros nos principais vencimentos. O dólar teve dia de 0,25% e fechou cotado a R$ 4,093. Na Bovespa, na sessão de 05/11, os investidores estrangeiros retiraram R$ 589,3 milhões, deixando o saldo de novembro novamente negativo em R$ 222,5 milhões e o ano de 2019 com saídas líquidas de R$ 30,6 bilhões.
No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,13%, Paris com alta de 0,41% e Frankfurt com +0,83%. Madri e Milão com altas de 0,52% e Madri 0,83%. No mercado americano, Dow Jones com +0,67% e Nasdaq com +0,28%. Na Bovespa, dia de alta de 1,13% e índice fazendo novo recorde de pontuação intraday em 109.671 pontos, fechando com recorde em 109.580 pontos.
Na agenda de amanhã, a FGV mostra indicadores do mercado de trabalho e o IPC-S da primeira quadrissemana de novembro. O IBGE mostra a produção industrial regional. Nos EUA, sai a confiança do consumidor de Michigan. Na China, a inflação medida pelo CPI e PPI de outubro.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais
