A debandada no Ministério da Economia, segundo as palavras do próprio ministro Paulo Guedes, mostra a fragilidade da chamada ala fiscalista do governo, para o ex-diretor do Banco Central e consultor Alexandre Schwartsman. Para o economista, há um descompasso claro entre a visão do presidente e a do ministro e Bolsonaro que desmoraliza a bandeira liberal com a qual se elegeu. A seguir, trechos de sua entrevista ao Estadão.

O próprio ministro Paulo Guedes disse que ocorre uma ‘debandada’ no Ministério da Economia. Foi excesso de sinceridade?

Tenho a impressão de que ele tentou fazer do limão uma limonada, tocar um certo terror na opinião pública, para ver se aumentava dentro do governo o apoio ao que ele quer fazer, sendo que esse apoio está nitidamente se reduzindo. É uma tentativa meio canhestra de tentar soar o alarme de que o negócio está ficando feio nas contas públicas. Já que o ministro vai perder, os secretários estão saindo e isso é um sintoma de enfraquecimento da agenda dele.

Bolsonaro se elegeu abraçado na agenda liberal. No entanto, os secretários deixam o governo como um sinal do afastamento dessa agenda. O presidente foi um liberal de ocasião?

Nem de ocasião. Ele foi oportunista, como qualquer político. Bolsonaro precisava de alguém para dar uma ‘polida’ em suas credenciais, para ganhar votos em um certo espectro da população brasileira. Tem gente na Faria Lima, representantes do mercado, que ainda acredita nessa imagem. Eu nunca acreditei, posso falar com tranquilidade sobre isso, mas basta olhar para o histórico do presidente. Na reforma da Previdência, ele lamentou quando ela foi aprovada. Bolsonaro pediu mais desculpas pela reforma da Previdência do que pelos mortos por covid-19.

O eleitor que apostou na proposta liberal deve ficar órfão?

Vai demorar mais 20 anos para que um presidente se eleja novamente com uma plataforma liberal. Bolsonaro desmoraliza o liberalismo, mais do que qualquer presidente de esquerda. E Guedes também. O presidente, por ser tosco; e o ministro, por ser raso. Eu não tenho nenhuma grande oposição a uma postura fiscalmente mais dura, à privatização e à abertura comercial. O que muita gente também notou ainda durante a campanha é que faltava um entendimento de como a política real funciona, para além das vontades ideológicas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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