O dia começa com investidores tendo que ajustar expectativas para uma série de eventos que mexem com os mercados de risco em todo o mundo. Além disso, desde o encerramento do mercado ontem, por aqui tivemos uma enxurrada de divulgação de resultados de empresas no primeiro trimestre que exigem ajustes pontuais no início da sessão de hoje.
Só para lembrar, ontem a Bovespa reverteu tendência de queda e fechou até com boa alta acompanhando melhorar também no mercado americano. O Ibovespa acusou valorização de 1,59%, com o índice em 79.010 pontos, mas na mínima do dia chegou a assustar quando rompeu o patamar de 76 mil pontos, chegando a 75.696 pontos. O dólar encerrou cotado a R$ 5,82, mas durante o dia chegou a arranhar R$ 6. O Dow Jones fechou com alta de 1,62% e o Nasdaq com 0,91%.
Hoje mercados da Ásia fecharam com comportamento misto, Europa ainda operando em alta, mas já distante das máximas obtidas e futuros do mercado americano passando de positivo para levemente negativo. Aqui, voltamos a nos aproximar da casa dos 80 mil pontos, o que é positivo, mas precisa ser vazado depois de longa acumulação, para ganhar maior tração na recuperação.
No exterior, os investidores estão preocupados com a tensão entre os EUA e a China, inclusive na área comercial, com a reabertura das economias, com a possibilidade de uma segunda onda de contágio pelo Covid-19, necessidade de novos estímulos fiscais, monetários e globais. Trump diz estudar todas as opções contra a China e falou, inclusive, em endurecer regras para empresas chinesas negociadas no mercado americano.
Na China, a produção industrial de abril contra igual período de 2019 cresceu 3,9%, as vendas no varejo de abril com contração de 7,5% e investimentos em ativos fixos urbanos em queda no quadrimestre de 10,3%. Mais os dados mostram recuperação. Já a Alemanha entrou em recessão técnica, com o PIB do primeiro trimestre encolhendo 3,8% e na comparação anual -2,3%. Na zona do euro, o PIB teve queda de 3,8% e na comparação anual -3,2%. Ainda na zona do euro, o superávit comercial desacelerou para 23,5 bilhões de euro e com exportações com -8,9% e importações com -9%.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,71%, com o barril cotado a US$ 28,03. O euro era transacionado em alta para US$ 1,081 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,62%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas com altas na Bolsa de Chicago.
Aqui, muitos balanços do primeiro trimestre foram anunciados e, durante a noite, muitos prejuízos com empresas aproveitando para limpar seus balanços. Petrobras, Sabesp e CSN com prejuízos, B3 e Suzano e muitas outras. No caso de Petrobras, prejuízo de US$ 9,7 bilhões, mas com impairment de US$ 13,4 bilhões, o que não afeta o caixa de US$ 15,5 bilhões para atravessar a crise. O problema é de como os preços internacionais vão se comportar nos próximos meses e já adiaram algumas metas da companhia.
Mas ainda assim, achamos que a Petrobras está em boa posição relativa.
Bolsonaro conversou com Rodrigo Maia ontem e diz ter se acertado com o presidente da Câmara e deve fazer reunião com governadores na próxima semana para falar de reabertura das economias e aumento do funcionalismo público, antes de vetar parte da PEC.
A FGV anunciou indicadores de confiança do consumidor em alta de 6,5 pontos para 64,7 pontos em maio, confiança do comércio subindo 4,7%, confiança da construção com queda de 2 pontos e confiança empresarial em alta de 7,7 pontos para e 63,5 pontos.
Ainda teremos indicadores importantes a serem divulgados e com capacidade de interferir no comportamento dos mercados, como o IBC-Br de março (prévia do PIB) e a confiança do consumidor de Michigan e vendas no varejo nos EUA. Ainda assim, pensamos que a Bovespa pode tentar alta, dólar mais fraco, mas depende do Bacen e juros em queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado