O dia contemplou grande alternância de movimento dos mercados, com o humor dos investidores mudando ao sabor do noticiário internacional e local. Mas no conjunto, todos tendendo para o negativo. Bolsas da Ásia encerrando negativas, Bolsas da Europa também fechando em queda, e mercados americanos e a Bovespa oscilando muito entre positivo e negativo.
O dólar também assumindo larga volatilidade e chegando bem próximo de R$ 6. Salvou um pouco o comportamento firme do petróleo no mercado internacional, mas a Petrobras puxando a Bovespa para baixo em função da divulgação hoje do resultado trimestral.
Nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego decepcionaram e pesaram sobres os mercados, com queda de 195 mil posições, para total de 3 milhões, quando a previsão era 2,7 milhões. Aliás, dirigentes regionais estimam que a taxa de desemprego real americana já está em 24% e 25%, como afirmou Kashkari de Minneapolis. Lá também tivemos declarações graves do assessor de comércio Navarro, dizendo que a China invadiu os sistemas americanos para roubar informação de andamento da vacina contra o Covid-19.
Da mesma forma, o presidente Trump declarou que estuda impor regras mais rígidas para as empresas chinesas negociadas em Bolsas americanas. Trump também disse que dispõe de bons dados sobre estados que estão reabrindo suas economias. Claramente, esse clima beligerante dificulta a evolução dos mercados. No México, o banco central optou por reduzir juros em 0,50% para 5,50%. Enquanto isso, o BOE (BC inglês) diz temer uma segunda onda de contágio que exigiria novos estímulos para as economias.
No mercado internacional, destaque positivo para o petróleo em alta durante todo o dia e acelerando na parte da tarde. O óleo WTI negociado em NY mostrava alta de 8,19%, com o barril cotado a US$ 27,36, depois de novos dados divulgados pela AIE-Agência Internacional de Energia mais positivos sobre oferta e demanda. Mas isso não foi suficiente para motivar alta da ação de Petrobras por aqui. O euro era transacionado em queda para US$ 1,08 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,62%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento majoritário de alta.
No segmento local, ainda há muitos ruídos com relação à postura do presidente e suas disputas com governadores, assim como interferências na gestão da saúde suscitando boatos da fragilidade do ministro Teich. Bolsonaro disse que vai faltar dinheiro para pagar o funcionalismo e disse haver conspiração para a economia dar errado e ele ser pressionado.
Outro aspecto que preocupava era a pressão sobre o setor bancário, com o Senado querendo votar limitação de juros para cheque especial e cartões de crédito. O setor se movimentou explicando que o crédito seria muito reduzido e foi tirado da pauta de votação. Além disso, ainda permanece o espectro de aumentar a CSLL (contribuição social sobre o lucro líquido), também numa hora absolutamente sensível, onde não cabe elevar tributos.
No mercado, dia de DIs em queda de juros e o dólar com enorme oscilação de alta, beirando os R$6, para depois sofrer interferência do Bacen em swap e venda à vista e fechando com queda de 1,38% e cotado a R$ 5,82. Na Bovespa, na sessão de 12/4, os estrangeiros voltaram a sacar recursos no montante de R$ 287,3 milhões, deixando o saldo negativo de maio em R$ 4,5 bilhões e o ano de 2020 com saídas líquidas de R$ 73,9 bilhões.
No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 2,75%, Paris com -1,65% e Frankfurt com -1,95%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 1,29% e 1,84%. No mercado americano, que firmou na parte da tarde, o Dow Jones registrou +1,62% e o Nasdaq com +0,91%. Na Bovespa, dia de alta de 1,59%% e índice em 79.010 pontos, mas na mínima do dia chegou a atingir 75.696 pontos, mostrando toda a volatilidade do dia.
Na agenda de amanhã, já teremos os impactos de dados de conjuntura da China referente ao mês abril e preparação da abertura de Petrobras com a divulgação dos resultados do trimestre. Aqui, teremos o IBC-Br de março com a prévia do PIB, na Alemanha e zona do euro o PIB do primeiro trimestre e nos EUA as vendas no varejo de abril, o índice de atividade de NY de maio e a confiança do consumidor de Michigan de maio.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado