Apesar do bloqueio de novas contratações de financiamento para o Plano Safra em 2025, o governo federal reagiu às críticas do agronegócio e liberou um crédito extraordinário de R$ 4,2 bi para o programa. Com um orçamento anual ainda não viabilizado pelo congresso, especialistas comentam sobre as consequências da medida emergencial tomada pela União.
Para Eduardo Scarpellini, sócio-fundador da EXM Partners, a medida pode elevar a percepção de risco do País, impactando a curva de juros e encarecendo o crédito privado. As movimentações afetam o setor imobiliário, varejo e indústria, segundo o especialista.
“Há um risco real de pressão fiscal no futuro. Embora os gastos emergenciais sejam justificáveis no curto prazo, o aumento da dívida pública pode limitar a capacidade do governo de implementar políticas fiscais sustentáveis nos médio e longo prazos”, afirmou em entrevista ao BP Money.
O especialista ainda alerta para a possibilidade de o governo não ter espaço para manobras sem adoção de medidas duras, como reavaliação de subsídios e priorização de investimentos em setores estratégicos.
Segundo Alê Delara, fundador da Pine Agronegócios, o problema do governo será como colocar este dinheiro no arcabouço fiscal sem deteriorar as contas públicas. “É necessário que o orçamento seja aprovado para que o programa volte a normalidade”, comentou
Grande demais para resolver
Na visão dos especialistas, a decisão foi acertada para evitar uma crise no setor agropecuário. Contudo, Delara enxerga que a medida era inevitável e não resolve o problema.
“Não trata-se de ser ou não uma boa jogada, mas algo necessário para evitar um programa grande demais para resolver”, ele acredita que não há alternativas para o governo a não ser reduzir gastos e/ou aumentar a receita.
Scarpellini enxerga que outros setores estratégicos também poderiam ter recebido mais atenção do governo: “o varejo, por exemplo, sofre com a queda no consumo e a redução do poder de compra das famílias, enquanto o imobiliário enfrenta dificuldades de financiamento e acesso a crédito.”
O especialista elenca medidas de enfoque mais amplo como linhas de crédito específicas, redução de impostos setoriais ou incentivos fiscais poderiam estimular a recuperação desses setores e movimentar a economia.
“Isso reduziria a necessidade de créditos emergenciais no futuro e fortaleceria a base produtiva do país”, explicou.
“O governo poderia ter ampliado garantias para fundos privados ou criado mecanismos de securitização de recebíveis, atraindo investidores institucionais para financiar não apenas o agro, mas também setores como varejo, imobiliário e indústria”, concluiu.
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