Os fenômenos geopolíticos serão determinantes para a agenda ESG

Iniciou neste domingo (06/11) e vai até 18 de novembro no Egito a COP 27 – Conferência do clima da ONU que reúne governos, diplomatas, cientistas, sociedade civil e entidades privadas para combate aos fenômenos climáticos que já ocasionam grandes perdas de vidas humanas, além de impactos negativos:ambientais, sociais e econômicos. E, a depender dos acordos e consensos que sairão desta conferência, impactará também a evolução e qualidade da agenda ESG nas organizações.

O slogan da COP 27 “Juntos pela implementação” não deixa dúvidas sobre a necessidade de atuação conjunta e rápida frente a este desafio global de grande risco. A ciência dará o tom da urgência, mas será a política que determinará a velocidade e potência do combate. E a depender dos resultados da conferência, os impactos na economia e na vida das pessoas, em especial nos países com maior vulnerabilidade climática, serão mitigados ou potencializados.

Essa é uma discussão que se iniciou em 1995 na primeira COP realizada em Berlim na Alemanha. Muitos avanços aconteceram desde antão sendo o mais recente o acordo de Paris em 2015 onde os países signatários, entre eles o Brasil, se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa GEE com o objetivo de conter o aquecimento global abaixo de 2ºC, preferencialmente em 1,5ºC em relação ao período pré-industrial até o final deste século. Especialistas dizem que o tempo está passando e essa meta está cada dia mais distante da sua realização.

Portanto, é hora de ação, de implementação. E com base nessa premissa, a COP 27 foi estruturada nos seguintes temas:

Implementação, Financiamento, Mitigação, Adaptação, Perdas e Danos e Cooperação. O calendário de debates está assim organizado: Em 9 de novembro debate sobre finanças; 10 de novembro sobre ciência, juventude e gerações futuras; 11 de novembro sobre descarbonização; 12 de novembro sobre adaptação, agricultura e sistemas alimentares; 14 de novembro sobre gênero e água; 15 de novembro sobre energia, 16 de novembro sobre biodiversidade e 17 de novembro sobre soluções. Em 18 de novembro, a COP 27 apresentará o texto final com os compromissos climáticos e os acordos firmados. Tudo isso acontece num momento delicado político econômico ambiental.

O cenário global é desafiador e a perspectiva de baixo crescimento é real depois de uma pandemia que ainda apresenta ondas, guerra entre dois países produtores de grãos e gás, somado as disputas comerciais entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do planeta. Por outro lado, a agenda ESG vem sendo defendida pelas maiores agências de investimentos com valores significativos em suas carteiras. No caso da BlackRock, pioneira nessa defesa e a maior agência de investimentos do mundo, estamos falando de US$ 10 trilhões na sua carteira. Mas apesar do engajamento das agências de investimentos, a realidade é que neste momento o ESG não voa em céu de brigadeiro e nem navega em mar de almirante. Estamos vivendo literalmente os extremos do clima.

Embora seja possível reconhecer avanços na agenda ESG com muitas regulamentações, esse cenário volátil e incerto tem ocasionado algumas reações preocupantes. Na União Europeia que está mais avançada nas questões ESG, o Parlamentou Europeu aprovou o plano da Comissão Europeia que incluiu a energia nuclear e o gás natural na lista de energias ambientalmente sustentáveis, permitindo que sejam rotuladas como Verdes apesar dos seus efeitos e impactos. A litigância climática é uma realidade, e no caso do ESG tem se intensificado. Investidores e sociedade acionam o judiciário para que as empresas sejam mais transparentes sobre suas práticas, incluindo suas emissões de GEE, ações de mitigação e de transição para uma economia de baixo carbono. E a litigância contrária tem aumentado com o ativismo anti-ESG para barrar investimentos com base em critérios de sustentabilidade. E o que a princípio parecia ser uma questão técnica de governança corporativa para a comunidade financeira, tem tido implicações muito mais profundas.

Nos Estados Unidos, autoridades governamentais e fundos de pensão de alguns estados, revogaram o mandato de gestão confiado à BlackRock. No Texas, proibição dos operadores financeiros ativos no Estado a incorporar a sustentabilidade (ESG na sigla) nas avaliações relacionadas à prestação de serviços. Todos esses movimentos nos levam a crer que os fenômenos geopolíticos serão determinantes para a evolução ou estagnação da sustentabilidade nas empresas e nos negócios, incluindo a agenda ESG. E é nesse cenário que se realiza a 27ª conferência do clima, que a depender da qualidade dos acordos globais e da disposição em implementá-los, a agenda ESG será mais ou menos impactada. Não se trata de prever uma reformulação do ESG, porque seus critérios são claros, e os riscos vão continuar existindo e impactando as organizações. O que se deve discutir nesse momento não é a sua relevância enquanto agenda, e sim a sua capacidade em vencer as resistências que surgem e avançar na velocidade esperada e com a abrangência necessária. Esse é o grande desafio ESG no momento.

Sobre BISA: Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals).

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Fontes:
https://www.sciencealert.com/a-chess-playing-robot-grabs-and-breaks-a-7-year-old-boy-s-finger-durinamatch
https://www.esginvestor.net/adaptation-on-the-agenda/
https://formiche.net/2022/11/crisi-energetica-blackrock-esg/
https://www.iberdrola.com/sustainability/against-climate-change/cop27