Uma perspectiva mais holística sobre a contribuição da empresa nos impactos do clima
As grandes agências de fundos de investimentos estão considerando o escopo 4 como a próxima fronteira de divulgação das organizações. Segundo argumentam, este escopo permitiria aos investidores ampliarem suas análises numa perspectiva mais holística sobre a contribuição de uma empresa nos impactos do clima, como por exemplo, a sua trajetória alinhada ao acordo de Paris.
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, seguindo o que já vem sendo feito pelos órgãos regulatórios nos mercados de capitais internacionais. editou em 23 de dezembro de 2021, a Resolução CVM 59 aplicável à divulgação das informações relativas ao exercício social que se encerra em 31 de dezembro de 2022 exigindo das organizações a divulgação de informações de ESG e clima. Em relação a questão climática, a resolução determina que as empresas informem se realizam inventários de emissão de gases do efeito estufa – GEE de forma detalhada.
O Protocol – Greenhouse Gas Control (GHG) do inventário GEE é baseado em 3 escopos:
- Emissões diretas
- Emissões indiretas proveniente da energia adquirida
- Emissões indiretas que ocorrem na cadeia de valor com exceção das citadas no escopo 2.
Os escopos 1 e 2 são obrigatórios para as empresas aderentes ao protocolo GGC. O escopo 3 é voluntário, e ao mesmo tempo o mais impactante e o de mais difícil levantamento. Mas para os analistas do mercado de capitais os escopos do GHG parecem não ser suficiente, e passam a incentivar a inclusão do escopo 4. Argumentam que as métricas devem ser estendidas para os benefícios climáticos gerados por produtos e tecnologias disponibilizados pela organização.
O escopo 4 considera as emissões estimadas economizadas e/ou evitadas para os clientes graças ao desempenho dos seus produtos e serviços. Medir as emissões do escopo 4 é ainda muito recente e também muito complexo, mas os investidores ESG estão considerando como integra-lo nas análises das empresas em seus portfólios.
Por exemplo, as empresas de bens de capital podem relatar suas contribuições no escopo 4 porque fornecem peças e até soluções de automação para melhoria dos demais escopos de seus clientes. Empresas de energia, de tecnologia, de carros elétricos e outras atividades que se encaixem nesse contexto podem também relatar suas contribuições positivas nos impactos do clima nesse escopo.
O escopo 4 não é uma categoria oficial do protocolo Green Gas Control –GHG que continua com seus 3 escopos, e também não deve contar para as reduções de emissões de escopos 1, 2 e 3 de uma empresa. São as emissões evitadas que acontecem fora do ciclo de vida ou cadeia de valor. O escopo 4 é um cálculo teórico medido através de um cenário de referência, comparando produtos com a solução média de mercado, uma solução anteriormente em vigor e/ou uma geração anterior de um produto.
Segundo Jéssica Carlier, analista ESG Candriam – uma gestora global de ativos pioneira em investimentos sustentáveis com 158 bilhões de Euros na carteira, presente em 20 países, e com sede em Bruxelas, Bélgica – em seu artigo publicado em 02 de setembro no ESG Clarity, Londres UK: “O cálculo dessa métrica nos permite ver o potencial de descarbonização dos produtos, bem como a qualidade da inovação de uma empresa”. Segundo ela, embora o escopo 4 esteja em estágio nascente, se ele aumentar a transparência e o consenso sobre os métodos de medição ESG melhorará também sua utilidade aos investidores. Para ver o artigo completo siga para: https://esgclarity.com/measuring-scope-4-emissions/
Entende-se que o escopo 4 é uma evolução dos modelos de análise dos investimentos tanto sob o ponto de vista da sustentabilidade quanto do financeiro, pois mostra o real valor agregado a empresa pela implementação da sua agenda ESG.
Em outras palavras, ele traz força e robustez ao ESG diminuindo riscos futuros e assegurando perenidade dos negócios, que é o eixo central da proposta ESG. Uma contribuição e tanto para os analistas de investimentos sustentáveis, e uma ótima oportunidade para empresas que tem o que mostrar nesse especial escopo.
Sobre BISA:
Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br