No Brasil, a corrida eleitoral esquentou nesta reta final da primeira etapa. Os líderes das pesquisas querem definir a disputa no primeiro turno.
Independentemente de quem ganhará o pleito eleitoral neste ano, questões relacionadas ao fiscal e ao sistema tributário (como arrecadar) trazem uma carga enorme para investimentos no Brasil.
Risco doméstico
Em meio a esse ambiente incerto, as notícias econômicas no Brasil melhoraram, mas ainda é preciso cautela.
Segundo a analista e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, o alívio na pressão inflacionária foi muito concentrado em preços de energia. Os núcleos de serviços ainda se mostram altos.
“Os dados de atividade vieram fortes, provavelmente impulsionados pelos recentes estímulos fiscais, o que coloca um pouco em risco talvez, no médio prazo, uma provável parada no ciclo de alta dos juros no Brasil. Apesar de estarmos adiantados em relação aos EUA, o risco é de que o Banco Central tenha que fazer um pouco mais do que está sendo precificado, e não o contrário (cair os juros mais rápido).”
Ela destacou ainda que o BC tem um grande desafio em relação à medida adotada na política monetária.
“O mercado de trabalho doméstico e a inflação de serviços ainda se mostram pressionados, fatores que podem jogar dificuldade para a desaceleração da inflação em torno das metas dos próximos anos”, aponta nossa especialista.
Por que investir no exterior?
Uma forma segura de reduzir o risco político e econômico, com uma carteira alocada somente em ativos brasileiros, é colocar parte do patrimônio em investimentos internacionais.
É considerado ótimo investir até 20% do patrimônio no exterior.
Diversificação com ações globais
Desde o final de 2020, uma maneira que ganhou impulso para quem olha para fora do país são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
Basicamente, são espécies de recibos que representam as ações de companhias estrangeiras e podem ser comprados direto na B3, sem a necessidade de abrir conta em uma instituição estrangeira.
Em linhas gerais, o investimento em ações globais representa a diversificação da parcela de renda variável do portfólio do investidor.
Segundo o analista de ações, Cesar Crivelli, a exposição cambial é uma estratégia saudável à carteira, especialmente no longo prazo.
“Analisando o histórico e as perspectivas para a economia brasileira, vemos que o real teve uma desvalorização maior perante outras moedas, como dólar, euro, libra e franco suíço. Isso porque o enfraquecimento da economia brasileira e os problemas políticos e econômicos estruturais refletem para termos hoje o que chamamos de moeda fraca”, explica Crivelli.
Pontos de atenção
Um ponto de atenção vai para a baixa liquidez. “Por não serem tão populares no mercado financeiro, são menos negociados do que a maioria das ações brasileiras”, aponta o analista.
Outro ponto que pode desencorajar os investidores é o atual cenário internacional, dados os riscos maiores de recessão e inflação elevada.
Nossa recomendação
Embora os próximos meses tendam a ser mais voláteis, Crivelli não aconselha os investidores a abandonarem totalmente as ações globais.
“Uma empresa que vale a pena acompanhar é a First Solar (FSLR34), que atua no setor de energia solar. Ao longo da última década, o valor das placas solares foi reduzido”, comenta.
Outro fator positivo foi a recente aceleração de projetos relacionados a energias renováveis por conta da invasão à Ucrânia. “A Europa quer reduzir a dependência de petróleo e gás natural da Rússia. Logo, empresas nesse setor tendem a se destacar”.