Desde o início do ano, vivemos uma série de incertezas na economia global: redução das projeções de crescimento, guerra na Ucrânia – elevando as expectativas inflacionárias, crise de energia na Europa e deterioração da crise imobiliária na China.

Essas questões de interesse mútuo de autoridades dos principais bancos centrais do mundo foram discutidas no Simpósio de Jackson Hole, em Wyoming, entre os dias 25 e 27 de agosto.

O destaque do encontro ficou para a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, que discursou na sexta, 26.

Powell adotou uma postura mais “hawkish” (inclinada ao aperto monetário) e afirmou que fará o que for para trazer a inflação à meta.

Confira abaixo:

Em seu discurso no simpósio de banqueiros centrais, Powell sinalizou que os juros nos Estados Unidos vão continuar subindo até que a inflação caia a um nível considerado seguro. “O registro histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária”, disse o presidente do Fed.

Na interpretação do analista de renda fixa da Nord Research, Christopher Galvão, o Fed manteve a porta aberta para uma nova alta de juro de 0,75 p.p. e, quando interromper o movimento de alta, a taxa de juros terá que permanecer em níveis restritivos por um determinado tempo. Ou seja, o Fed vem mostrando cautela em relação ao início do ciclo de queda dos juros.

O banco central americano não apontou um prazo exato para reduzir o ritmo do aperto porque ainda dependerá dos próximos números da economia.

Próximos passos do Federal Reserve


Até a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em 21 de setembro, a autoridade monetária e o mercado estarão atentos a dados como o relatório de emprego payroll da semana que vem e o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) do próximo dia 13.

O mercado de trabalho do país, outra grande preocupação de Powell, segue pujante, apesar do PIB negativo nos dois últimos trimestres. “Para que a inflação atinja a meta de +2% ao longo dos próximos anos, será necessário um desaquecimento do mercado de trabalho que, por enquanto, ainda não observamos”, destaca o nosso analista.

Desaceleração da inflação nos EUA


Além das sinalizações do BC americano, os investidores repercutiram na sexta os dados de inflação de julho nos Estados Unidos.

O PCE (índice de preços de gastos com consumo, na sigla em inglês) mostrou uma leve desaceleração da inflação americana, queda de +0,1% em julho em relação a junho, enquanto o mercado esperava ver uma estabilização.

O núcleo do deflator PCE – que exclui os elementos mais voláteis de alimentos e energia – subiu +0,1%, também desacelerando em relação ao núcleo de junho (+0,6%) e maio (+0,3%).

Nosso analista aponta que, apesar do resultado representar uma desaceleração em comparação com junho, o núcleo acumula alta de +4,6% em doze meses, ou seja, um patamar ainda elevado e bem próximo da média de 40 anos.

Na nossa visão, o PCE é um dos sinais de que é necessário continuar atento a esse cenário, especialmente porque o mercado de trabalho americano continua aquecido.

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