Ninguém deve estranhar se daqui por diante as provas de conhecimentos gerais (entre estas, a do ENEM) contiverem questões ligadas às práticas ambientais, sociais e de governança (conhecidas pela sigla ASG, ou ESG em inglês). Apesar de ainda existir questionamentos, motivados pelo greenwashing (no popular seria um “ESG pra inglês ver”), o conceito e avanço destas atividades são insofismáveis. Agora é a vez da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresentar estudo denominado “A agenda ASG e o mercado de capitais – Uma análise das iniciativas em andamento, os desafios e oportunidades para futuras reflexões da CVM”, como parte da sua própria Agenda Regulatória.

Conduzido pela área de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA) da autarquia, o trabalho teve apoio do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e traz uma visão geral sobre como o assunto vem sendo tratado por outros mercados relevantes, resumiu Bruno Luna, chefe da ASA. Entre outros dados, constata-se um expressivo crescimento dos chamados investimentos sustentáveis, já subindo a US$ 35,3 trilhões (crescimento de 55% entre o período – pré-pandemia – 2016 e 2020) em cinco dos principais mercados analisados pelo Relatório da GRIS 2020:  Austrália, Canadá, Estados Unidos, Japão e União Europeia.

Dos quase 300 entrevistados no trabalho brasileiro, 93,9% mostraram ter algum conhecimento sobre o tema ESG. Companhias abertas brasileiras e reguladores dos mercados internacionais acima citados participaram do estudo, colaborando com frameworks. Investidores foram convidados a participar, no final do ano passado, apontando maior atenção na análise para os riscos não-financeiros. Segundo o relatório da IOSCO (Organização Internacional das Comissões de Valores, criada em 1983) de 2021, o principal motivo dos investidores adotarem novos parâmetros de sustentabilidade no processo de tomada de decisão é o crescimento da percepção dos impactos econômicos e financeiros dos riscos ambientais, sociais e de governança.

Assim, é provável que ainda surjam comentaristas do cotidiano caindo de paraquedas no assunto, mas logo sumirão feito o pároco Adelir – o “padre do balão”.

GREENWASHING

E por falar em questionamentos sobre eventuais maquiagens de dados e propósito (vendendo-se gato por lebre, como se dizia antes do tal `politicamente correto` tomar conta), a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (a SEC) decidiu chegar junto nos Fundos de Investimentos.

O xerifão do mercado, lá no Norte da América, quer fazer valer a lei de 2011 que obriga os fundos a aplicar 80% dos recursos captados de acordo com o que fora indicado. Portanto, se o fundo se diz verde, que não mude a vocação no curso das operações; com isto, o investidor não ficará vermelho de raiva.

GUERRA DOS 17

O senado recebeu o PL 18/2022 (de autoria do deputado Danilo Forte, União-CE), aprovado na Câmara, fixando limite de 17% para alíquotas do ICMS de combustíveis e energia elétrica. Segundo o texto, o governo federal cuidará de compensar financeiramente os estados pela perda de arrecadação.

De acordo com a Agência Câmara, Arthur Lira (PP-AL) prometeu manter na pauta da Casa todos assuntos relativos a combustíveis e energia. Já o senador Rodrigo Pacheco ainda está pensando… mas deverá encaminhar o PL à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (presidida por Otto Alencar, PSD-BA). Como era de se esperar, o presidente da República arreganhou os dentes para o Parlamento, pois não gostou nadinha dessa história de compensação aos estados. O assunto ainda vai render…

GÁS

A Eneva, empresa de energia, e a Suzano, bioprodutos derivados do eucalipto, anunciaram parceria para o suprimento industrial de Gás Natural Liquefeito (GNL) rodoviário de pequena escala. O novo produto, menos intenso em carbono, irá abastecer a fábrica de celulose da Suzano em Imperatriz (MA). Esse será o maior projeto já realizado no Brasil com esse objetivo de atendimento a demanda de clientes industriais.  

Serão investidos R$ 530 milhões, pela Eneva, nesta primeira planta majoritariamente dedicada ao atendimento da Suzano. A primeira entrega de GNL de pequena escala está prevista para primeiro semestre de 2024. 

GÁS 2

A companhia 3R Petroleum assinou contrato para venda de gás natural à Bahiagás. O produto tem origem no Recôncavo e Rio Ventura, Bacia do Recôncavo Baiano. A 3R deverá receber entre US$ 6 e US$ 7 o milhão de BTU (como referência, cada m3 de gás natural contém 1000 BTUs).

GÁS 3

Na semana que passou o sr. Franklin Molina Ortiz, ministro de Hidrocarbonetos e Energia da vizinha Bolívia, disse que o último acordo aditivo com o Brasil foi assinado “pelo governo golpista” de Jeanine Añez, que assumiu o poder após a queda de Evo Morales, prejudicando o seu país.

A Bolívia, que cortou em 30% o fornecimento de gás para o Brasil, a fim de suprir a Argentina, agora quer mais dinheiro pelo produto. Vêm aí mais incertezas energéticas.  

MATA

Entre 2020 e 2021 foram desmatados 21.642 hectares (ha) da Mata Atlântica, um crescimento de 66% em relação ao registrado entre 2019 e 2020 (13.053 ha) e 90% maior que entre 2017 e 2018, quando se atingiu o menor valor de desflorestamento da série histórica (11.399 ha). A perda de florestas naturais, área em que caberiam mais de 20 mil campos de futebol, corresponde a 59 hectares por dia ou 2,5 hectares por hora, além de representar a emissão de 10,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera.

As informações são do Atlas da Mata Atlântica, estudo realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), lançado na quarta-feira, 25 de maio – dois dias antes da data em que é celebrado o Dia Nacional da Mata Atlântica, 27 –, e divulgadas pelo site parceiro de Plurale. Confira: https://www.plurale.com.br/site/noticias-detalhes.php?cod=19767&codSecao=5

IFRS

As Comissões de ESG e a de Auditoria e Normas Contábeis da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) convidam as companhias associados para debater o International Sustainability Standards Board – IFRS Foundation. Apresentação terá como âncora Ana Luci Grizzi, especialista em sustentabilidade, conselheira de administração, professora e consultora.

Data é neste dia 1º de junho, por videoconferência.

IBRI

O dia 26 de maio está marcado na história do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). Em comemoração aos 25 Anos, a entidade participou, com seu presidente executivo Rodrigo Maia e demais convidados, do Closing Bell, evento na NYSE – a Bolsa de Nova York, quinta-feira última.

Ao time do Ibri, que tem Geraldo Soares como presidente do Conselho, nossos cumprimentos.

MULHERES

Por uma coincidência editorial, logo depois de publicarmos a coluna anterior, dia 23 (https://acionista.com.br/285292-2/), intitulada “Ô Abre Alas que elas querem passar”, o Estadão publicou matéria, dia 25, mostrando que das 87 companhias que compõem o Ibovespa (índice das companhias listadas mais líquidas) apenas Iguatemi, Fleury, Banco do Brasil, Magazine Luiza e CCR têm mulheres nos mais altos cargos de liderança e que destas apenas três comandam os Conselhos de Administração.

MULHER / OCEANO

Com o objetivo de promover, destacar e reconhecer o trabalho de cientistas brasileiras no campo das Ciências do Mar, o Prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano chega a sua segunda edição durante a Marina Week, evento gratuito, que acontece entre os dias 1º a 5 de junho, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

O prêmio é uma iniciativa da Cátedra da UNESCO para Sustentabilidade do Oceano, ligada ao Instituto Oceanográfico (IO) e ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo, e da Liga das Mulheres pelo Oceano, e contará com duas categorias: Cientista Inspiração e Jovem Cientista, premiando mulheres inspiradoras e jovens cientistas talentosas e promissoras no campo das Ciências do Mar.

MOTIVAÇÃO

“Mais do que reconhecer o trabalho das mulheres na ciência, que há anos apresentam importantes resultados com pesquisas e contribuem para o desenvolvimento econômico, social e cultural do nosso País, queremos motivar as novas gerações para investirem neste campo de trabalho. Essa, inclusive, é uma das propostas da Marina Week, de disseminar, incentivar e promover a ciência para a sociedade, entre outras tantas motivações que temos com este grande evento sobre o mar”, destaca Alexander Turra, organizador da Marina Week e coordenador da Cátedra Unesco.

O lançamento do prêmio acontecerá no dia 3 (sexta-feira), às 17h30. Na véspera, dia 2, haverá uma Mesa para discutir “O mercado financeiro e o investimento na Economia Azul”. Esta terá como debatedores o economista Ricardo Martins, da Planner; o engenheiro naval Flávio Andrade, CEO da OceanPact; Rodrigo More, “investidor-anjo” e diretor da TV Escola; e César Sanches, superintendente de Sustentabilidade da B3. A moderação estará a cargo deste colunista, jornalista profissional, com MBA em Comunicação e Relações com Investidores.

Corre que ainda dá tempo: https://marinaweek.com.br/ (inscrições gratuitas).

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