🌎 MERCADOS GLOBAIS
Ativos de risco estão iniciando a semana com forte viés negativo, após novos sinais preocupantes de contágio dos setores imobiliário e financeiro na China frente à situação delicada que vive o gigante Evergrande Group no país.
Na iminência de novos defaults da companhia, que tem vencimentos de cupons de dívida na semana, já passamos a verificar fortes sell-offs pressionando não só ações, mas também o mercado de crédito, com perdas para empresas desde o setor de incorporação até seguradoras (depois de uma queda de mais de 8,0% na última 6ªfeira, a seguradora Ping Na voltou a cair mais 5,8% na sessão, às mínimas em mais de 4 anos). Desta forma, as atenções se voltam à Pequim, buscando entender o que o governo de Xi Jingping irá fazer para evitar uma crise maior – não obstante, a situação já promete seguir pesando sobre o sentimento e exacerbando o movimento de desaceleração do ritmo de crescimento na China, prejudicando commodities e outros ativos dependentes do desempenho econômico da região.
Neste ambiente, que conta com liquidez prejudicada por conta de feriados na China e no Japão, a bolsa de Hong Kong fechou com queda de mais 3,0%, e já contamina os mercados na Europa e nos EUA, onde a manhã está sendo caracterizada pela forte aversão ao risco (perda das bolsas, alta do dólar, fechamento dos juros e queda nos preços das commodities). Nos próximos dias, destaque para a reunião de política monetária do FOMC; onde o Fed poderá anunciar o seu cronograma para o início do tapering nos EUA.
📰 HEADLINES
ESTADÃO
Mercado prevê alta de 1 ponto da Selic esta semana e cogita estouro da meta de inflação em 2022. Sem perspectiva de uma trégua na escalada dos preços no País no curto prazo, analistas do mercado financeiro acreditam que o Banco Central (BC) seguirá a política de aumento dos juros para controlar a inflação e levá-la para o centro da meta, de 3,5% em 2022. De 51 instituições financeiras e consultorias consultadas pelo Projeções Broadcast, 44 preveem um aumento de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros; a Selic, em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira. Com isso, o colegiado do BC, que se reúne a cada 45 dias para calibrar a Selic, elevaria a taxa para 6,25% ao ano.
ESTADÃO
Guedes diz que alta do IOF trava novo Bolsa Família em R$ 300. O ministro da Economia, Paulo Guedes, considera que a decisão de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para bancar o lançamento do novo programa Bolsa Família trava, na prática, o valor médio do benefício em R$ 300,00. A interlocutores do mercado financeiro que o procuraram neste sábado com dúvidas sobre a alta do IOF, o ministro tem explicado que a trava acontece porque o valor do benefício não pode subir em ano eleitoral em razão de restrições da legislação brasileira. As contas do aumento do IOF foram feitas levando-se em conta o financiamento do novo Bolsa Família; rebatizado de Auxílio Brasil, com um valor de R$ 300.
VALOR
Puxados por PSB, partidos questionam na Justiça saída de adolescentes do plano de imunização contra covid-19. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), em conjunto com outras siglas, ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pleiteando a imediata reinclusão de adolescentes sem comorbidades no Plano Nacional de Imunizações (PNI), para que sejam vacinados contra a covid-19. Por meio de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), o partido argumenta que a orientação do Ministério da Saúde de revisar a recomendação de imunização do grupo com idades entre 12 e 17 anos é inconstitucional e compromete o avanço do enfrentamento à pandemia.
VALOR
Serviços e investimento vão liderar PIB em 2022, diz governo. O investimento privado e a recuperação do setor de serviços deverão liderar o crescimento em 2022; diz a Secretaria de Política Econômica (SPE) no Boletim MacroFiscal divulgado ontem. Enquanto o mercado corta suas projeções para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para no ano que vem para 1% ou menos; o governo aposta numa expansão de 2,5%. N Neste ano, serão 5,3%. O governo manteve suas projeções de crescimento da edição anterior do boletim, de julho. No entanto, elevou suas projeções de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 5,9% para 7,9%, o Índice Geral de Preços (IGP-DI) passou de 17,4% para 18%; e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 6,2% para 8,4%.
FOLHA
Relator do novo Bolsa Família quer reajuste automático do benefício e das faixas de pobreza. Relator do projeto que cria o Auxílio Brasil (substituto do Bolsa Família), o deputado Marcelo Aro (PP-MG) quer que o benefício médio do programa social seja reajustado anualmente pela inflação. O deputado também defende que as faixas de pobreza e extrema pobreza (critérios de entrada de uma família no programa social) sejam ampliadas de acordo com os índices de preços. Esse tipo de correção automática não existe hoje no programa social e contraria os planos do governo, pois impõe um aumento de despesas públicas.
FOLHA
Caminhoneiros querem reunião com o STF para destravar frete mínimo. Três das principais entidades que representam caminhoneiros no Brasil estiveram reunidas no sábado (18); em Brasília (DF), onde definiram uma pauta única de reivindicações da categoria. Há duas semanas, no embalo das manifestações pró-Bolsonaro no 7 de setembro, motoristas fizeram protestos em rodovias em todo o Brasil. As entidades não apoiaram as manifestações. Segundo nota das entidades, o encontro deve servir para sensibilizar o Supremo a julgar a constitucionalidade do piso mínimo de frente ainda neste mês. O valor mínimo para o transporte de cargas foi uma conquista da greve realizada em 2018.
GLOBO
Como a crise vai afetar a Bolsa? Gestores reduzem em até 20% projeções para Ibovespa. Inflação elevada, juros altos, risco fiscal, turbulência política e crise hídrica: esses são alguns dos fatores que levaram o mercado financeiro a reduzir suas projeções para o Ibovespa no fim do ano. Das estimativas acima de 140 mil pontos, agora se fala em 130 mil e há até quem preveja 120 mil. Na quarta-feira, a equipe de análise do Itaú BBA cortou sua estimativa de 152 mil para 120 mil pontos. Essa redução de 21% foi influenciada pela perspectiva de menor lucro por ação das empresas que compõe o Ibovespa; que passou de 9,25% para 5%, devido ao avanço da inflação e da alta da taxa básica de juros (Selic).
GLOBO
Governo aposta na reforma do IR para destravar Auxílio Brasil e redução de subsídios. O governo está apostando na aprovação da reforma do Imposto de Renda para destravar o financiamento do Auxílio Brasil em 2022 e para ser a base do plano gradual de redução dos subsídios. Aprovada na Câmara no início de setembro, o projeto ainda não avançou no Senado: está parado na Comissão de Assuntos Econômicos à espera de um relator. A tendência é de que a proposta enfrente mais dificuldades no Senado. Além de um perfil mais “oposicionista ou independente” em relação à Câmara, o projeto vai enfrentar maior resistência de estados e municípios que se sentiram traídos na tramitação e aprovação orquestrada por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.
📊 E OS MERCADOS HOJE?
Mercados globais estão iniciando a semana em tom fortemente negativo, com investidores avaliando sinais preocupantes de contágio do iminente default da Evergrande para empresas do setor imobiliário e financeiro na China. No pano de fundo, investidores calibram expectativas sobre o Fed, que anuncia sua decisão e política monetária na tarde desta 4ªfeira. No Brasil, ativos também deverão reagir negativamente à situação chinesa, que já pesa sobre as commodities; enquanto investidores aguardam uma nova alta de 1 p.p. da Selic nesta 4ªfeira. Desta forma, esperamos mais uma abertura de viés negativo para a bolsa brasileira, já enfraquecida pela piora de fundamentos econômicos e manutenção de pendências em Brasília, onde a piora da situação na China deve atuar como mais um vetor de pressão no curto-prazo.