🌎 MERCADOS GLOBAIS

Ativos de risco estão iniciando uma nova sessão sem direções claras, com bolsas europeias recuando e índices futuros americanos ensaiando uma leve recuperação após a confirmação de um fechamento predominantemente negativo para as bolsas asiáticas.

Como destaque nesta manhã, investidores digerem mais uma bateria de dados fracos na China, onde as vendas no varejo (+2,5% a/a) e a produção industrial (+5,3% a/a) voltaram a registrar resultados abaixo das estimativas do mercado, ambos reagindo à reintrodução de medidas de contenção à covid-19 no período. Desta forma, existe a expectativa de melhora em setembro, com o vírus mais controlado, mas em um ambiente em que já há grande preocupação com a desaceleração do crescimento (dentre outros riscos da região – vide MH de ontem), o dado inevitavelmente contribui para a manutenção de cautela entre os agentes.

Do outro lado do Atlântico, nos EUA, ativos de risco iniciaram o dia no verde, buscando recuperar as perdas acumuladas desde a semana passada, com investidores ainda de olho na agenda econômica e na próxima reunião do FOMC (22/9). Com relação à política monetária, o CPI de agosto veio abaixo das expectativas nesta 3ªfeira, contribuindo para o debate em torno da transitoriedade da inflação no país, mas não pode ser considerada uma bala de prata e nem deve alterar o consenso de que o início do movimento de redução de estímulos (tapering) deve ter início ainda neste ano.

📰 HEADLINES

VALOR

Previsões pioram e indicam avanço do PIB inferior a 1% em 2022. Uma nova rodada de revisões indica que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 pode ficar abaixo de 1%. Ontem, o Itaú Unibanco cortou a projeção para o ano de 1,5% para 0,5%, e a MB Associados, de 1,4% para 0,4%. Na segunda-feira, o J.P. Morgan havia reduzido a estimativa de 1,5% para 0,9% e, no início do mês; o Banco Fator já tinha estimado avanço de 0,5% para o ano que vem, projeção que está mantida, por ora. Outras instituições cortaram as projeções, mas ainda esperam pouco mais de 1% de expansão da atividade. Os riscos, contudo, são de baixa. São os casos da XP, que reduziu a previsão de 1,7% para 1,3%, da MCM Consultores, de 2,1% para 1,4%, e da A.C. Pastore, consultoria do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, que prevê alta de 1,2%. Essas expectativas estão bem abaixo da mediana do mercado. No boletim Focus, do BC, de segunda-feira, a mediana é de crescimento de 1,7% para 2022.

VALOR

Comissão da Câmara vota hoje desoneração. A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados começará a votar hoje o projeto de lei que prorroga até 2026 a política de desoneração da folha de salários para os 17 setores que mais empregam no país. O incentivo a contratações, pela lei vigente hoje, acabará em 31 de dezembro de 2021, o que, segundo os setores, deve provocar demissões. O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) apresentou parecer favorável ao projeto do líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB).

FOLHA

Guedes diz que dólar deveria estar descendo, mas barulho político não deixa. O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (14) que o dólar deveria estar descendo, mas isso não ocorre porque o “barulho político” não deixa. Segundo ele, o câmbio de equilíbrio no país deveria ser entre R$ 3,80 e R$ 4,20. Como mostrou a Folha, membros do Ministério da Economia vinham demonstrando preocupação com a radicalização de discursos do presidente Jair Bolsonaro, sob a avaliação de que os ataques feitos pelo mandatário impactam indicadores econômicos e o dólar, atingem diretamente a população e dificultam a retomada da atividade. Analistas de mercado compartilham dessa avaliação.

FOLHA

Teto de gastos já tem potencial estouro de R$ 72 bilhões, diz pesquisador da FGV. Proposta formulada pelo governo com previsão de despesas no limite do teto de gastos; o Orçamento de 2022 sofre pressões por mais recursos em razão de demandas da classe política e do avanço da inflação. Considerando esses dois fatores, há um potencial estouro de R$ 72 bilhões na regra constitucional que impede o crescimento das despesas federais acima da inflação. Os números foram compilados por Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), com base em cálculos do economista Marcos Mendes — ambos colunistas da Folha.

ESTADÃO

Exclusão dos precatórios do teto permitirá um espaço orçamentário em torno de R$ 20 bi. As duas únicas âncoras capazes de manter a estabilidade e previsibilidade dos preços e dos juros reais são a manutenção do teto fiscal e a regra de ouro. A do teto estabelece que as despesas primárias públicas do governo federal e órgãos vinculados somente poderão ser aumentadas de acordo com a inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior. Trata-se da PEC 55/2016, criada no governo Temer, para assegurar crescimento econômico e empregos sustentáveis ao longo de 20 anos.

ESTADÃO

A não aprovação da reforma do Imposto de Renda, que servirá de fonte de recursos para a ampliação do Bolsa Família; poderia levar o governo a ter de reeditar o auxílio emergencial, indicou nesta terça-feira, 14, o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Inadvertidamente o mundo empresarial vai a Brasília e faz um lobby contra o (projeto de reforma do) Imposto de Renda. Ele na verdade está inviabilizando o (aumento do) Bolsa Família. Vai produzir uma reação do governo que é o seguinte: ah é, então quer dizer que não tem fonte não, né? Não tem tu vem tu mesmo. Então é o seguinte, bota aí R$ 500 logo de uma vez e é auxílio emergencial. A pandemia está aí, a pobreza está muito grande, vamos para o ‘vamos ver'”, disse Guedes durante evento do BTG Pactual.

GLOBO

De olho em 2022, governo quer passar R$ 2 bi do Bolsa Família direto para prefeitos e governadores. O governo Jair Bolsonaro planeja usar pelo menos R$ 2 bilhões que vão sobrar do orçamento do Bolsa Família neste ano para financiar ações sociais de estados e municípios. Com esse acréscimo, a verba a ser enviada pelo ministério da Cidadania diretamente a prefeitos e governadores neste ano vai mais do que dobrar. O dinheiro deve sair do total destinado ao Bolsa Família que acabou não sendo usado, porque muitos beneficiários optam por receber o Auxílio Emergencial, que paga um valor maior.

GLOBO

Presidente do BC diz que Petrobras aumenta preços “muito mais rápido” que outros países. A uma semana para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que preços como o da gasolina, que têm pressionado a inflação, sofrem impacto da alta do dólar e lembrou que a Petrobras repassa esses custos com mais frequência que o que ocorre em muitos países. No mesmo dia, o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, que participou de audiência na Câmara dos Deputados, culpou os tributos estaduais pelos preços elevados dos combustíveis. Em alguns estados, a gasolina já passou de R$ 7 o litro.

📊 E OS MERCADOS HOJE?

Mercados globais estão abrindo mais um dia sem direção única, com investidores avaliando uma nova bateria de dados fracos na China após o CPI americano vir abaixo das estimativas do mercado em agosto. No Brasil, o mercado recebe o PIB mensal de julho do Banco Central (IBC-Br), que ilustra como a economia entra no 3º trimestre do ano após o PIB do 2º trimestre decepcionar estimativas. Enquanto isso, o mercado segue calibrando sua expectativa para o Copom da semana que vem, após Campos Neto (presidente do BC) reverter apostas em uma alta superior a 1 p.p. ao dizer que o BC irá “… levar a Selic até onde precisar, mas não vamos reagir sempre a dados de alta frequência”. Desta forma, esperamos uma abertura de viés neutro/negativo para a bolsa brasileira; na falta de catalizadores locais positivos e na manutenção de um ambiente de maior cautela no exterior.

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