🌎 CENÁRIO EXTERNO

China, balanços e Fed

China, balanços e Fed

Ativos de risco estão iniciando a semana em tom negativo, com bolsas europeias e índices futuros americanos no vermelho após mais uma sessão de fortes quedas na Ásia – com destaque principalmente para as bolsas chinesas. Enquanto a situação da EverGrande – um dos maiores conglomerados ligados ao setor imobiliário na China – mantém pressionado o mercado de crédito e os papéis do setor imobiliário no país, a intenção do governo de anunciar um novo regulamento para o setor de educação também já acarreta fortes perdas no mercado. Nos EUA, o investidor deve seguir acompanhando de perto a temporada de balanços corporativos, que tem entre os destaques da semana os resultados de Tesla (hoje), Alphabet (3ªfeira), Apple (3ªfeira), Microsoft (3ªfeira), Facebook (4ªfeira), Ford (4ªfeira), Amazon (5ªfeira), Exxon (6ªfeira) e P&G (6ªfeira), além de mais uma decisão de política monetária do Federal Reserve (4ª feira).

Regulação agressiva

Órgãos regulatórios chineses publicaram no sábado uma lista de reformas ao setor da educação que promete alterar completamente o funcionamento de firmas privadas atuando no setor. Em especial, a nova regulação proíbe empresas que lecionam currículos escolares de obter lucros e levantar capital no mercado. Na esteira da divulgação do documento, já vemos o setor em franca queda no país; com papéis como a New Oriental Education & Technology Group Inc e a Koolearn Tecnology Holding Ltd caindo 47% e 33%, respectivamente. Movimentos como estes derrubaram as bolsas de Hong Kong e da China, além de já estar ameaçando alguma contaminação dos mercados ocidentais.

Tempo curto

Segundo divulgado pela Bloomberg, os membros do grupo bipartidário que estão negociando o pacote de infraestrutura de US$ 579 deverão chegar a um consenso final na primeira metade da semana, pressionados por seus colegas que já têm em vista o recesso parlamentar com início previsto para o dia 9/8. Uma maior agilidade das negociações também será providencial para que o Congresso consiga aprovar uma série de medidas (incluindo o orçamento de 2022) de forma a impedir um “shutdown” da máquina pública na virada do ano fiscal (30 de setembro). Vamos acompanhar…

Na agenda

Hoje, além do balanço da Tesla, que sai após o fechamento das negociações nos EUA, o investidor deve receber as vendas de novas moradias em junho (est.: 800 mil), às 11h, a sondagem industrial de Fed de Dallas referente a julho, às 11h30, e os lucros totais da indústria chinesa em junho, às 22h30.

Mais agenda

Nos próximos dias, alguns dos principais destaques da agenda internacional serão: (i) encomendas de bens duráveis, preços residenciais e confiança do consumidor nos EUA, na 3ªfeira; (ii) confiança do consumidor europeu, balança comercial americana e anúncio da decisão de política monetária pelo Federal Reserve, na 4ªfeira; (iii) inflação ao consumidor alemão, novos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA e PIB americano no 2º trimestre de 2021, na 5ªfeira e; (iv) a inflação ao consumidor europeu, o PIB da zona do euro no 2º trimestre de 2021 e os dados de renda e consumo pessoal – acompanhados pelo deflator do PCE –, na 6ªfeira.

CENÁRIO BRASIL

Governo se prepara para segunda metade do ano legislativo com rearranjo na esplanada dos ministérios

Recesso sem descanso

Como o recesso parlamentar continuará vigente até a semana que vem, o noticiário político continuará sendo dominado pelos ruídos que surgem do Planalto. Nenhum projeto será votado, mas os preparativos para a segunda sessão legislativa de 2021 continuarão ocorrendo nos bastidores de Brasília.

Ciro Nogueira

A semana deve ser marcada por um rearranjo na Esplanada dos Ministérios. A principal alteração será a nomeação do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, para a Casa Civil, ministério responsável pela coordenação e integração das ações do Governo. Na prática, a nomeação de Nogueira deve fortalecer a influência do governo no Senado, casa onde a agenda governista tem encontrado mais resistência e o presidente sofre com o constante desgaste gerado pela CPI da Pandemia. O ingresso do senador à Esplanada também representa mais um estreitamento dos laços entre Bolsonaro e o Centrão, grupo de partidos que têm dado sustento à base de apoio do governo na Câmara dos Deputados.

Dança das cadeiras

O general Luiz Eduardo Ramos, atual mandatário da Casa Civil, manterá seu status como ministro, mas agora à frente da Secretaria-Geral. Onyx Lorenzoni (DEM-RS), atual ministro da Secretaria-Geral, também continuará na Esplanada como ministro do Trabalho. Esta última pasta, que no momento é uma das várias secretarias sob o comando do ministro Paulo Guedes (Economia), será ressuscitada.

Aumentos dos combustíveis

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços dos combustíveis atingiram nova máxima para 2021 na semana passada. Já são quatro semanas consecutivas de aumento nas bombas. Desde o início do ano, o preço do diesel acumula aumento de 23,8%. Como consequência, alguns caminhoneiros já iniciaram protestos ontem.

Testando a boa vontade

Caso os preços nas bombas continuem a subir, a influência do presidente Bolsonaro; que já fez várias concessões à categoria desde que foi eleito, pode ser testada. A insatisfação dos caminhoneiros também pode se tornar um problema para o novo presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. O general tem, até então, evitado intervenções na estatal que impactam a sua lucratividade – somente optando por intervalos maiores entre reajustes –, mas essa gestão comedida pode ser desafiada caso a adesão às greves ganhe corpo.

Fraude nas eleições de 2014

Na sexta-feira passada, o presidente Jair Bolsonaro prometeu apresentar evidências de “inconsistências” nas eleições de 2014 e 2018. A iniciativa tem como intuito trazer a luz supostas vulnerabilidades do atual sistema de votação para justificar a implementação do voto impresso em 2022. A alteração está prevista em um projeto que já tramita pela Câmara, mas não tem o apoio da maioria dos parlamentares. O presidente deve revelar tais evidências durante a sua tradicional live transmitida pelas redes sociais na quinta-feira.

Na agenda

Hoje, como de costume, a projeções do boletim Focus do BCB (8h30) e a balança comercial semanal da Secint (15h) abrem a agenda da semana. Nos próximos dias, a agenda traz (i) as estatísticas do setor externo em junho, na 3ªfeira; (ii) o índice de preços ao produtor (IPP), o Caged e o relatório mensal da dívida pública de junho, na 4ªfeira; (iii) o IGP-M de julho e o resultado primário do governo em junho, na 5ªfeira; e (iv) a PNAD-Contínua de maio, na 6afeira.

E os mercados hoje?

Mercados globais estão iniciando a semana em tom baixista, com destaque para as quedas bruscas das bolsas na China. Como destaques na agenda, os resultados da temporada de balanços devem seguir a todo vapor, e o Fed anuncia mais uma decisão e política monetária antes das divulgações do PIB e do PCE nos Estados Unidos. No Brasil, o governo se prepara para o fim do recesso parlamentar com uma dança das cadeiras enquanto, no pano de fundo, altas consecutivas dos combustíveis levam caminhoneiros a ameaçarem novas greves. Desta forma, de olho em um exterior fraco e um noticiário local sem catalizadores positivos; acreditamos em uma abertura de viés negativo para ativos de risco brasileiros nesta 2ªfeira.

Publicidade

Onde investir neste fim de ano?

Veja as recomendações de diversos analistas em um só lugar.