Ontem os investidores em todo o mundo ficaram quase todo o dia no aguardo da decisão do FED sobre política monetária e coletiva do presidente Jerome Powell, o que só ocorreu depois das 15 horas. Tanto o comunicado do FED como a coletiva de imprensa de Powell mostraram grande coerência com declarações pretéritas, e minimizaram os efeitos e preocupações com a escalar dos juros dos treasuries. Os mercados reagiram forte a isso.
Após o pregão encerrado, foi a vez do Copom anunciar sua decisão e, como esperado, ampliou a taxa Selic, só que guardando a surpresa de 0,75 pontos, ao invés de 0,50% que era o consenso, com a nova Selic em 2,75%. Ao mesmo tempo, sinalizou a inflação oficial subindo para 5%, saindo de 3,6% anterior em 2021. Também deixou a expectativa de mais alta de 0,75% para a reunião de maio (ou mais), dependendo do que possa ocorrer com a pandemia e aceleração de reformas.
Hoje mercados da Ásia terminaram o dia em alta, Europa reverberando a decisão do Copom e futuros do mercado americano com comportamento misto. Aqui, ontem conseguimos passar pelos 115 mil pontos que colocávamos como importante e abrindo espaço para buscar 118 mil e 120 mil pontos do Ibovespa, não sem sustos, já que a situação segue tensa.
Na zona do euro, o saldo da balança comercial de janeiro mostrou superávit de 24,2 bilhões de euros, como resultado de exportações em queda de 2,8% e importações também com contração de 1,3%. Já Christine Lagarde, presidente do BCE (BC europeu), falou hoje em firme recuperação da economia da região no segundo semestre de 2021 e que vai manter a flexibilização de compra de ativos, de acordo com as condições do mercado.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY tem o sexto dia de queda seguida com -0,36% e barril cotado a US$ 64,37. O euro mostrava queda para US$ 1,194 e notes americanos de 10 anos com grande oscilação nesta manhã com taxa de 1,725%, em alta. O ouro e a prata mostravam altas na Comex e commodities agrícolas com desempenho de queda na Bolsa de Chicago.
No segmento doméstico, ontem a área econômica trouxe novidades como a redução do imposto de importação em 10% para eletrônicos e bens, abrindo espaço para acessar tecnologia de ponta e reduzir custos. O Congresso também votou vários vetos e foi aprovado o marco regulatório do setor de saneamento, que pode destravar investimentos na área.
A FGV anunciou a segunda prévia do IGP-M de março com alta de 2,98%, de anterior em 2,29%, deixando a inflação por esse indicador em 8,30% para 2021 e em 12 meses com inflação de 31,15%. Destacamos bens intermediários com elevação de 5,09% que pode se transmitir para preços finais, assim como matérias-primas brutas com +3,89%.
A agenda do dia ainda mostra algum poder de mexer com os mercados, mas ainda teremos ajustes a serem feitos a partir das decisões de ontem. Teremos a decisão do BOE (BC inglês) e indicadores nos EUA.
Expectativa para o dia é de Bovespa conseguindo manter alta, juros ajustando para a nova Selic e dólar com tendência de queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado