Em sua reunião de março, o FOMC manteve a taxa de juros e outros parâmetros de política monetária inalterados, conforme o esperado. A comunicação e as projeções ao longo a reunião tiveram notado viés dovish.
O comunicado divulgado traz o reconhecimento da reversão da desaceleração da atividade econômica, mas reconhece também que setores afetados pela pandemia ainda estão operando com debilidade e que a inflação segue abaixo de 2%.
Destaca-se que houve elevação dos caps na RRP por conta do aumento das reservas, mas não houve movimentação de elevação dos juros para as mesmas.
As projeções surpreendem principalmente nos dots, que mostra somente sete membros acreditando em ao menos uma elevação da taxa de juros até 2023. Com isso, a mediana segue mostrando taxa de juros no patamar atual durante o horizonte relevante.
Os números de PIB foram revisados para refletir o estimulo fiscal e a expectativa de reabertura mais acelerada por conta da vacinação. O desemprego foi revisto para baixo em todos os três anos das projeções. Ainda assim, a revisão da inflação subjacente foi somente marginal (mesmo observando pelo lado da abertura do range) e ainda está aquém do necessário para justificar o cumprimento da meta de AIT.
Durante a conferência de imprensa, Powell manteve o tom dovish, reforçando que o FOMC espera ver mudanças concretas nos indicadores econômicos e não projeções de mudanças. Ao mesmo tempo, o chair tentou repelir projeções sobre início da discussão de tapering e argumentou que qualquer alteração será comunicada com muita antecedência ao mercado.
Em suma, mantemos a nossa projeção de que o FED não deve iniciar o processo de tapering este ano e que movimentos de elevação da taxa de juros começam somente em 2024. O pacote de auxílio fiscal e a saída da pandemia seguem como riscos para este cenário.
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog