Enquanto o mundo se preocupa por semanas com a escalada dos juros no mercado internacional por aqui. Além disso, a pandemia passou a preocupar e fazer efeito sobre a precificação dos ativos de risco. Aparentemente, o sistema de saúde está colapsando em várias regiões do país, enquanto em outras estão suspendendo a vacinação por falta de imunizantes (isso acontece, por exemplo, no Rio de Janeiro). No meio do caminho, o “centrão” passou a pedir a cabeça do ministro “Pazuello”, que seria trocado pelo deputado Dr. Luizinho, que já foi secretário de saúde do RJ. 

Como se isso não bastasse, a OMS fez grande carga hoje contra o Brasil, dizendo que a maioria da América do Sul se move na direção positiva, mas não o Brasil. Também indicou virulência maior na cepa brasileira e que isso pode prejudicar países circunvizinhos, principalmente. Não é por essa razão, mas também por ela, que a avaliação da gestão Bolsonaro perdeu força durante a semana nas pesquisas realizadas. Também ficou a sugestão que se faça lockdown em regiões determinadas, ao mesmo tempo em que o RJ decretou toque de recolher entre 23 e 05 horas e escolas paulistas terão de suspender aulas presenciais até a Páscoa.

No exterior, os juros tiveram dia de boa oscilação nos EUA, mas na parte da tarde o quadro foi suavizado e isso motivou alguma recuperação do mercado acionário, notadamente das ações de tecnologia. Nos EUA, o presidente Biden declarou que o pacote fiscal vai acabar com a pandemia e recuperar a economia, gerando demanda doméstica e crescimento global sustentável. Já a União Europeia julga como inadequado a maioria dos planos nacionais para o Fundo de recuperação.

Nos EUA, tivemos a divulgação da inflação medida pelo PPI (atacado) de fevereiro, com alta de 0,5% e de acordo com previsto, enquanto o núcleo registrou elevação de 0,2%. No ano, a inflação por esse indicador sobe 2,8% e o núcleo com 2,2%. Já a confiança do consumidor de Michigan de março subiu para 83 pontos, quando a previsão era de 78,9 pontos.

Ainda sobre os EUA, a próxima semana embute encontro com os chineses para discussão de cooperação e aparar arestas nas relações, e os negociadores americanos não pretendem discutir tarifas impostas na fase 1, ainda no governo de Trump. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava leve queda de 0,18%, com o barril cotado a US$ 65,90. O euro era transacionado em queda para US$ 1,195 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,62%. O ouro e a prata mostravam quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro é que teve forte queda durante a madrugada de 3,08%, com a tonelada em US$ 165,44.

No segmento doméstico, o IBGE anunciou que as vendas no varejo de janeiro encolheram 0,2%, contra igual período de 2020 -0,3% e em 12 meses alta de 1%. Já o varejo ampliado (inclui automotivo e construção), teve contração de 2,1% em janeiro, -2,9% contra igual período queda também em 12 meses de 1,9%. As vendas de veículos foram o destaque negativo, e a queda no mês interrompe sequência de sete meses de expansão. A média trimestral também teve contração de 2,2% e mostra efeitos da suspensão do auxílio emergencial.   

Os juros por aqui sofreram impacto, não só do comportamento externo, mas evidenciaram as preocupações locais e lado político conturbado. Investidores preveem que o Copom elevará a Selic na próxima semana em 0,50% (mas muitos já fazendo apostas de 0,75%), com mais 0,75% na reunião de maio e chegando no final do ano com Selic em pouco mais de 6%. A PGR (Procuradoria Geral da República) entrou com recurso no STF contra a decisão do ministro Fachin de anular as condenações de Lula e quer a manutenção do fórum em Curitiba. 

No mercado, dia de dólar em alta de 0.30% e cotado a R$ 5,56. Já na Bovespa, os investidores estrangeiros na sessão de 10/3 voltaram a alocar recursos no montante de R$ 324,1 milhões, deixando o saldo de março ainda levemente negativo em R$ 411,6 milhões, mas com 2021 mostrando ingressos líquidos de R$ 16,3 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta de 0,36% para a Bolsa de Londres, Paris com +0,21% e Frankfurt com -0,46%. Madri com alta de 0,60% e Milão em leve queda de 0,03%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,90% e Nasdaq com -0,59%. Na Bovespa, dia de queda de 0,72% e índice em 114.160 pontos. 
Lembramos que a partir da próxima semana, os mercados passam a encerrar as 17 horas pela entrada dos EUA em horário de verão.

Resumo da Semana 

IBOVESPA: -0,90% (114160)
DOW JONES: +4,07%
NASDAQ: +3,08%
DÓLAR: R$ 5,56 (-2,16%) com forte atuação do Bacen
PETRÓLEO (WTI): US$ 65,58 (-0.83%)   

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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