Hoje foi daqueles dias em que os mercados por aqui poderiam ter comportamento positivo, mesmo considerando todos os problemas, mas acabamos seguindo o comportamento externo de queda, perdendo, inclusive, o patamar de 119.000 pontos. Ainda não foi dessa vez que conseguimos consolidar a passagem pelos 120.500 pontos, mesmo tendo feito máxima no dia de 120.845 pontos.

No exterior, começam discussões sobre quando elevar juros, mas parece uma discussão extemporânea, já que pelo menos nos EUA ainda deve demorar muito, assim como em boa parte da Europa. Aparentemente, a Noruega deve sair na frente, mas não tem poder de influenciar outros países. A tônica ainda é de juros baixos e estímulos fiscais para respaldar a recuperação econômica. Contudo, preocupa bastante o nível de endividamento de países e empresas, com algumas dívidas insustentáveis.

Segundo o IIF — Institute of International Finance — a pandemia adicionou US$ 24 trilhões de dólares ao total da dívida pública e privada em 61 países em 2020, atingindo novo recorde de US$ 281 trilhões. A dívida que exclui o setor financeiro subiu para US$ 214 trilhões. Nos EUA também foi detectado que o endividamento das famílias cresceu na pandemia com operações no mercado imobiliário. Já o BOE (BC inglês) declarou que o endividamento corporativo deve pesar sobre a economia britânica e que o desemprego deve aumentar com o fim do programa de governo para o trabalho. Isso gera cautela com o consumo.

A OCDE divulgou que o PIB do quarto trimestre expandiu 0,7%, mas teve tombo recorde em 2020 de 4,9%. Já a ata da última reunião do BCE (BC europeu) deixou claro que amplo apoio fiscal continua essencial e risco da zona do euro aponta para negativo, mas menos pronunciado, havendo riscos para o PIB do primeiro trimestre de 2021.Também disse que a alta sustentável dos juros reais pode reduzir rapidamente a atratividade das ações. Na zona do euro, a confiança do consumidor subiu em fevereiro para -14,8 pontos, vindo de -15,5 pontos.

Nos EUA a construção de novas residências encolheu 0,6%, mas novas permissões expandiram 10,4%. Os pedidos de auxílio desemprego da semana passada cresceram 13.000 posições para 861.000, quando o esperado era que ficassem em 733.000. Os números evidenciaram a necessidade de novos estímulos. Já o estoque de petróleo encolheu 7,26 milhões de barris na semana anterior, mas não foi suficiente para manter a cotação em alta no mercado internacional. A presidente da Câmara, Pelosi, disse que o comitê de orçamento está analisando o pacote fiscal e deve colocar em votação na próxima semana.   

No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em NY, mostrava queda de 1,82%, com o barril cotado a US$ 60,03. O euro era transacionado em alta para US$ 1,209 e notes americanos com taxa de juros de 1,28%. O ouro estava em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com viés mais para positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro, na volta do feriado prolongado chinês, registrou alta de 4,9%, com a tonelada cotada em US$ 175,05.

No segmento local, o medo de perda de foco das discussões de mudanças foi aparentemente superado em encontro entre Paulo Guedes e os presidentes da Câmara e senado, que prometeram colocar a PEC emergencial em votação já na próxima semana. Com a PEC de Guerra vai ser possível estender o Auxílio Emergencial.

O Bacen anunciou que o fluxo cambial até 12/02 foi positivo em US$ 2,75 bilhões, com entradas pelo canal financeiro de US$ 3,9 bilhões. No ano, o fluxo é positivo em US$ 5,55 bilhões, quase que exclusivamente por conta do ingresso financeiro. Em fevereiro, o ganho em operações de swap está em R$ 3,08 bilhões e a posição cambial liquida está em US$ 287 bilhões.

No mercado, dia de dólar novamente oscilando bastante para fechar com +0,48% e cotado a R$ 5,44. Os DIs também oscilaram bastante ao longo do dia. Na Bovespa, na sessão de 12/02 os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 855,7 milhões, deixando o mês de fevereiro positivo em R$ 2,65 bilhões e o ano com ingresso líquido de R$ 26,21 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 1,40%, Paris com -0,65% e Frankfurt com -0,16%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 0,80% e 1,11%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,38% e Nasdaq com -0,72%. Na Bovespa, queda também de 0,98% e índice em 119.171 pontos.

Na agenda de amanhã teremos indicadores PMI da atividade industrial em diferentes países e venda de imóveis usados nos EUA.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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