Bottom line:
• O índice de inflação ao consumidor nos EUA (CPI) de agosto apresentou variação marginalmente acima do esperado tanto no headline como nas leituras subjacentes.
• Este é o segundo mês consecutivo em que o índice de carros usados distorce a parte de bens subjacentes.
• A variação YoY core permanece em média (três e seis meses) abaixo do que vigorou de 2015 até 2019.
• O dado não altera a perspectiva para o FED.
Comentário:
O índice de inflação ao consumidor nos EUA (CPI) de agosto apresentou variação marginalmente acima do esperado tanto no headline como nas leituras subjacentes.
• CPI (%MoM): 0.4% (esperado: 0.3%; anterior: 0.6%)
• CPI (%YoY): 1.3% (esperado: 1.2%; anterior: 1.0%)
• CPI Core (%MoM): 0.4% (esperado: 0.2%; anterior: 0.6%)
• CPI Core (%YoY): 1.7% (esperado: 1.6%; anterior: 1.6%)
Este é o segundo mês consecutivo em que o índice de carros usados distorce a parte de bens subjacentes, avançando 5.4% (anterior: 2.33%). Este é o maior avanço deste item desde 1969. Com o avanço dos últimos dois meses, o nível está 5.7% acima do registrado em março. Assim, os bens subjacentes mostraram avanço de 1.05%, absolutamente fora do padrão que vigorou ao longo da última década. Na variação YoY, bens subjacentes avançam 0.38%.
Serviços subjacentes avançaram 0.15% no mês (abaixo dos 0.59% observados no mês passado), com todos os grandes grupos (moradia, serviços médicos e transportes) arrefecendo consideravelmente. Especificamente, vemos queda de 0.23% para 0.14% no avanço mensal de moradia.
Como colocado desde março, acreditamos que a elevação da taxa de desemprego terá impacto significativo sobre a inflação de moradia, atuando como vetor negativo com defasagem de cerca de três trimestres. Assim, acreditamos que os preços deste grupo (33% do basket) permanecerão amenos.
A variação trimestral anualizada mostra forte avanço tanto do headline como do core. No entanto, a variação YoY core permanece em média (três e seis meses) abaixo do que vigorou de 2015 até 2019. Vemos o dado de hoje como mais um indicio de normalização da dinâmica, com afastamento de riscos deflacionários.
Ao mesmo tempo, a alteração do framework de política monetária implementado em Jackson Hole há duas semanas deixa claro que o FED não pretende reagir no curto prazo a acelerações modestas de inflação. Os riscos, considerando-se normalização de bens subjacentes (para baixo) e pressão em serviços subjacentes permanecem em torno de um cenário de inflação moderada (ao invés de aceleração descontrolada). Com isso, o dado não altera a perspectiva para o FED.
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog