Mais uma empresa com o histórico de resultados e cotações que se destacam na valorização nesta época. Portanto absorvendo ganhos e aproveitando a onda do quarto trimestre.

O maior grupo de beleza global, presente em 73 países, pioneira no segmento de cosméticos e destaque pela integração com as dimensões socioeconômicas e ambiental é a pauta de hoje.

A Natura, nossa sexta empresa, quarta maior empresa do mundo atuante no segmento, apresenta  padrões nos últimos três anos de resultados fortes no quarto trimestre e valorização das cotações nos meses referentes à época.

Setor de atuação da Natura

O setor de atuação da companhia é na venda de produtos de tratamento como sabonetes, desodorantes, óleos corporais, maquiagem, perfumaria, proteção solar  e produtos infantis.

Esse setor é marcado por alta competitividade, tendo a francesa L’Oreal como líder de mercado global, seguida pela Procter & Gamble e Unilever. No Brasil, a Natura lidera e aumenta a margem após a aquisição da Avon. É bom destacar que o Brasil ocupa o terceiro lugar de maior mercado consumidor do mundo, ficando atrás apenas de Estados Unidos e China.

O setor de consumo, é muito beneficiado em ciclo de aceleração econômica, derivado da melhor capacidade de compra, disponibilidades de crédito, redução do desemprego e confiança do consumidor. Ou seja, se por um lado, em momento de crise, pessoas e empresas costumam conter gastos e ajustar despesas; por outro, em momentos de crescimento, aumenta a confiança e consumo.

A Natura

Fundada em 1969 por Antônio Luiz Seabra, a empresa começou com uma pequena loja e laboratório na rua Oscar Freire, em São Paulo. Já em 1974, a empresa passou a adotar o modelo de venda direta, uma maneira de apresentar seus produtos únicos a partir de muitas vozes.

Hoje, a Natura &Co é um grupo global de cosmética, formado por quatro marcas icônicas, alinhadas no propósito de, por meio da beleza e das relações, promover uma melhor forma de viver e de fazer negócios.

A companhia está presente em 73 países em todos os continentes, tendo mais de 18 mil colaboradores, comprometidos em gerar impacto econômico, social e ambiental positivos.

É válido ressaltar o constante esforço da companhia para ser sustentável, sendo que em 1999, a Natura adotou um modelo de uso sustentável da biodiversidade brasileira como plataforma de tecnologia de P&D (pesquisa e desenvolvimento), e lançando em 2000 a linha de produtos Ekos, que até hoje é uma das marcas mais famosas da companhia. Sendo hoje reconhecida globalmente como uma empresa sustentável, inclusive sendo a primeira do mundo a receber o selo de certificação UEBT pela sua linha Ekos.

A empresa é agora a quarta maior empresa do setor no mundo, e isso com certeza foi impulsionado por suas estratégias e vantagens competitivas.

Vantagens competitivas

  • Poder de barganha com fornecedores: essa é uma característica muito importante para as empresas, pois permite reduzir custos para produção de produtos, o que eleva as margens e os lucros. No caso da Natura, a mesma garante transparência aos principais públicos de interesse, estabelecendo parcerias por entender que os fornecedores são elos fundamentais na cadeia de valor. Por ser uma marca mundialmente conhecida, a empresa conta com um grande número de fornecedores, o que estimula a concorrência entre eles, fazendo com que o custo para a Natura seja bastante reduzido.
  • Sinergias com Avon: após a aquisição da Avon, a companhia estima que deverá ter ganhos de sinergia entre 200 e 300 milhões de dólares, além de ganhos como reforço de presença em mercados-chave na América Latina, acelerando o crescimento internacional.
  • Portfólio global com marcas icônicas: como dito anteriormente, a Natura &Co é formada por quatro marcas, todas elas com atuação em diversos países, o que confere à Natura menor dependência de um único mercado.
  • Sustentabilidade: em um mundo onde a sustentabilidade é cada vez mais necessária, empresas que tomam a iniciativa nesse sentido certamente são bem vistas, e atraem os consumidores que buscam o consumo de produtos sustentáveis. Com as certificações que a Natura possui, a empresa com certeza está bem inserida nessa área.

Estratégias:

Aqui, achamos melhor dividir nas estratégias das quatro marcas, para um melhor entendimento.

Natura

Após ter completado os dois anos de seu processo de transformação, inicia agora um novo ciclo de expansão, orientada pelas seguintes diretrizes:

  • Recuperar a preferência e o desejo pela marca
  • Buscar maior diferenciação nas categorias-foco por meio de inovação
  • Ampliar o poder da venda direta, melhorando a experiência de compra da consumidora e a rentabilidade da consultora
  • Expandir a presença multicanal
  • Acelerar a transformação digital do negócio      
  • Entrar em mercados internacionais que permitam crescimento
  • Adotar modelos inovadores de organização e gestão de pessoas que viabilizem os negócios futuros 

Aesop

Prossegue com a expansão de seus negócios, com maior precisão nos seus objetivos:

  • Construir uma maior penetração nos mercados ao redor do mundo
  • Evoluir na oferta omnichannel
  • Aplicar uma mentalidade não conformista
  • Continuar a lançar produtos inovadores
  • Reduzir impacto ambiental e gerar impacto positivo na sociedade

The Body Shop

Entrando no terceiro ano de transformação organizacional, buscando consolidar ganhos de eficiência e iniciar preparação para o crescimento futuro:

  • Rejuvenescimento da marca
  • Otimização das operações de varejo
  • Aprimoramento da experiência multicanal
  • Evolução da eficiência operacional
  • Redesenho da estrutura organizacional

Avon

Criando um grupo global de beleza, líder na relação direta com o consumidor, objetivando crescimento:

  • Aceleração da estratégia “Open Up Avon”
  • Otimização do operacional
  • Modernizar as operações
  • Fortalecer plataforma multicanal

E os riscos?

Como toda empresa, a Natura também possui riscos que podem comprometer seus resultados e imagem perante o mercado, elencados abaixo:

  • Riscos de efeitos colaterais: embora a empresa possua um excelente processo de controle da qualidade dos seus produtos, caso alguma parte passe batida e cause problemas aos consumidores, a imagem da companhia ficaria momentaneamente negativa, o que repercutiria em seus resultados e cotações.
  • Aquisição da Avon: aqui existem dois riscos principais. O primeiro é não conseguir aperfeiçoar a operação com a Avon, fazendo da aquisição um fracasso, algo que certamente não será bem visto pelo mercado. O segundo é relacionado à sustentabilidade da Natura, que é reconhecida globalmente, porém, a Avon já teve problemas relacionados a testes em animais, e várias críticas foram feitas à Natura por essa aquisição. Caso a Avon tenha problemas relacionados a isso, parte da vantagem competitiva que a Natura possui em sustentabilidade pode ser perdida.
  • Competição: a Natura possui concorrentes fortes globalmente, assim como no Brasil. Isso pode levar a dois problemas principais. Primeiramente, caso os competidores criem alguma linha que seja reconhecida como a melhor do mercado, a Natura terá dificuldades em vender seus produtos, o que a forçaria a baixar preços e obviamente isso teria um impacto muito negativo em seus resultados. O segundo problema é bem menos provável, mas ainda possível, que é uma guerra de preços no setor. Caso algum competidor da companhia resolva tomar uma estratégia agressiva de preços reduzidos, a Natura seria forçada a reduzir seus preços para não perder a demanda, também tendo efeito negativo em resultados e cotações.

Padrões

Depois de termos passado pelas principais  estratégias da marca e verificarmos a qualidade da companhia, também percebemos a existência de padrões relacionados aos fortes resultados apresentados no quarto trimestre, com a evolução das cotações da companhia, perceba:

Balanço Natura

Veja que todos os 4T apresentam significativa melhora em relação às demais épocas de apresentação de resultados. Este que é apresentado geralmente entre fevereiro e março absorvendo todos os resultados entre primavera/verão.

Confira como foi o desempenho com relação ao preço das ações

Fonte: TrandingView

Com muita volatilidade diante do início das projeções com as “possíveis” novas aquisições propostas pela Natura, portanto o mercado começou a precificar e calcular riscos.

As efetivas aquisições foram acontecer durante o ano de 2017, primeiro com a aquisição da The Body Shop e 3 meses depois com a Avon.

O período que absorve os resultados do quarto trimestre de 2016 (4T16) contou com a valorização de 16,30% das ações, passando de R$ 11,09 à R$ 12,99 no intervalo de aproximadamente 4 meses.

Já no período seguinte…

Fonte: TradingView

A evolução do preço das ações cresceu, assim como, os resultados neste trimestre de 4T17.

Ou seja, os papéis passaram de R$ 14,02 para R$ 16,94, representando em alta de 21,09% no período.

E por fim, no ano seguinte…

Fonte: TradingView

As ações seguiram apresentando melhora com a gradual melhora operacional da empresa.

Os papéis passaram de R$ 17,52 para R$ 24,48 no intervalo de aproximadamente 4 meses, representando alta de 39,66% no período que absorve a apresentação do 4T18.

O que pensam os analistas

Segundo a  Toro Investimentos o lado positivo está na atuação em mercados diversificados geograficamente, a aquisição da Avon que contribuiu para empresa se tornar a quarta maior player do mundo no segmento de cosméticos e pela estratégia de expansão das vendas em todas as linhas de negócio. Do lado negativo está a alta alavancagem financeira.

Analistas do Itaú BBA esperam melhora gradual da Natura, igualmente enfrentando um cenário desafiador principalmente com o varejo asiático impactando negativamente. A operação transformacional da Natura (via aquisições), aumenta de maneira significativa a capilaridade da companhia em termos de presença geográfica, ao mesmo tempo que expande a operação em diversos canais e fortalece o portfólio consolidado de produtos.

BTG Pactual comenta que apesar das aquisições melhorarem o valuation da empresa, as operações contribuem para aumentar a complexidade do modelo de negócio da Natura.

Consenso de mercado

Preço atual (05/02): R$ 48,50

Maior Preço AlvoR$ 54,00
Preço Alvo MédioR$ 41,54
Menor Preço AlvoR$ 22,00

Recomendação

Comprar5
Manter6
Vender 1

Fonte: Bloomber, Fitch Reuters
*o consenso de mercado é uma pesquisa realizada entre as principais casas do mercado sugerindo o que fazer com o papel e sua estimativa de preço.

Conclusão

A líder no mercado de perfumes, nos últimos anos, aderiu a uma estratégia agressiva de aquisições, passando a deter boa participação do mercado interno e externo e ocupando uma posição expressiva entre as maiores empresas do mundo no segmento de cosméticos. Para crescer, em 2017, a Natura comprou a The Body Shop (empresa britânica que pertencia à francesa L’Oréal) e em 2019,  a americana Avon.

Este crescimento inorgânico (via aquisições) pressionou os números da empresa, algo aceitável, considerando tantos desafios em suportar a capacidade de digerir as aquisições. Assim, nos últimos anos, se vê progresso, mais especificamente nas margens da empresa, onde o processo de superar o desafio caminha em passos de otimismo (de forma suave).

A questão envolve sempre a competição, níveis de preços e se o investidor está disposto a encarar junto à empresa este progresso.

Projeto Verão #6

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