A hora dos fundos de investimentos. Aqui contaremos algumas verdades sobre fundos.

No mercado precisamos nos ajustar com o andar da economia, parar é perder tempo, andar rápido demais pode incorrer em erros pela ansiedade, tudo isso em um ambiente volátil e reversões de tendências. Realmente é para poucos, pois acima de tudo precisamos estar cientes dos riscos e possibilidades em cada decisão de investimento realizada.

“Quem desenvolve opiniões com base em evidências fracas tem dificuldade em interpretar informações subsequentes que desmintam essas opiniões, mesmo que a nova informação seja obviamente mais precisa” Nassim Taleb.

Tivemos um breve resumo na etapa #5 – A alimentação perfeita para os seus investimentos, na qual abordamos com um pouco mais de detalhes a ideia de se investir no “Chef”, aquele gestor que escolherá os ingredientes perfeitos para sua carteira.

Logicamente, reforçando a ideia de Taleb, não podemos julgar apenas com números passados, desempenhos históricos ou com pequenos dados a qualidade de cada gestor que por trás possui uma equipe de profissionais sedentos por oportunidades. É preciso entender a ideia, acompanhar as Cartas dos Gestores e observar o racional de cada fundo para ter a certeza se está em linha com o que você pensa para colher os frutos de cada racional.

A facilidade de ter uma equipe gerindo o seu dinheiro, escolhendo ativos com base em uma estratégia restrita às regras do fundo, sem que você tenha que escolher os ativos, também incorre em custos por este serviço.

Mas você já parou para pensar quanto há de custo para você conseguir trabalhar o seu dinheiro de forma independente?

Então, além de ter que cuidar de suas próprias contas, aquele famoso controle financeiro, sugerimos que você tenha olhos para outros custos internos, para não gastar mais do que deve.

Investidores bem armados com bons princípios básicos, metas bem definidas e autoconhecimento de tolerância a riscos, geralmente, tem mais sucesso, pois conseguem aguentar os períodos de crise confiando na estratégia com agilidade e frieza nos ajustes da carteira.

Este conceito vale tanto para quem investe diretamente nos ativos individuais (ex: ações), como para quem aplica em fundos de investimentos, pois no caso, você precisa acreditar que o gestor irá buscar a forma de reverter e superar o momento. Para isso é preciso confiar e respeitar o tempo.

Hoje pretendemos além de abordar alguns importantes detalhes para os fundos de investimento, pretendemos aproximar de você 3 regras de sucesso dos investidores em fundos. 

Você conhece os custos dos fundos de investimentos?

Seja para o gestor, administrador ou o Leão. Alguns custos podem prejudicar e muito os seus ganhos se você não estiver atento. 

Vamos do início, prometemos tentar ser o mais objetivo possível. 

Taxa de administração. É um valor que está diretamente embutido diariamente no valor da cota e é pago mensalmente, com o fundo tendo ou não resultado positivo, e é cobrada sob todo valor do patrimônio do fundo (valor total de todos que botaram dinheiro). O valor será dado em ano, então se você bota 100 reais no fundo com Tx de Adm de 1%, pode ter certeza que você vai ter que deixar 1 real por este título. 

Taxa de performance. Cada fundo tem um objetivo a seguir (acompanhar a inflação, CDI, Ibovespa, ou qualquer outro indicador) e toda vez que o fundo bater recorde superando o indicador é cobrado uma taxa de performance. 

Outras: taxa de administração máxima que envolve o máximo permitido que o fundo pode cobrar e a taxa de administração efetiva que calcula se o fundo está cobrando a taxa de ADM normal ou se está perto da máxima. 

Onde o Leão morde:

FUNDOTRIBUTO
Fundos DICome-cotas
Fundos de Crédito PrivadoCome-cotas
Fundos Multimercados Come-cotas
Fundos de Debêntures IsentasSem tributação 
Fundo de Ações Tributação fixa no saque de 15% sobre os rendimentos
Fundos de Previdência Tributação variável no saque, mas sem come-cotas
Fundos de Câmbio e OuroCome-cotas

Os fundos multimercados e renda fixa podem ser tributados além do come-cotas pelo tempo que você deixar seu dinheiro no fundo, podendo haver uma tributação complementar no resgate. 

O come-cotas atua duas vezes ao ano (maio e novembro) tomando uma parte de suas cotas que representam a rentabilidade no semestre. A alíquota mínima depende do fundo que pode ser classificado de curto ou longo prazo. 

Os de curto prazo tem uma carteira de títulos com prazo médio igual ou menor que 365 dias. Os longos possuem títulos igual ou superior a 365 dias. 

Veja os prazos das alíquotas: 

Tempo de investimentoAlíquota Fundo de
Curto Prazo
Alíquota Fundo de
Longo Prazo
Até 180 dias (6 meses)22,5%22,5%
De 181 a 360 dias20,0%20,0%
De 361 a 720 (1 a 2 anos)20,0%17,5%
Acima de 720 (2 anos)20,0%15,0%

Como funciona a cobrança:

Caso você invista em um fundo longo prazo, o come-cotas vai tomar 15% de sua rentabilidade todos os meses de maio e novembro. Suponhamos que você resgate o dinheiro no sétimo mês, será cobrado então um imposto complementar, já que o prazo impõe uma alíquota de 20%. Se você ficar mais tempo, então não será necessário pagar imposto complementar. 

Ainda tem IOF. Incide em operações em que restastes são feitos em menos de 30 dias após a aplicação. E o imposto é cobrado diretamente na fonte, ou seja, quando você receber o seu dinheiro, ele já vai estar líquido de IOF. (Os fundos de ações são isentos desta cobrança).

Taxa de saída. É uma taxa não obrigatória, mas é bom que você saiba que existe. Sabe aqueles prazos de resgate que é determinado no regulamento? D1, D30, D60, D90, D180 ?

São prazos que definem quantos dias você terá que esperar para que o resgate do fundo pedido por você seja depositado em sua conta. A taxa de saída antecipada é cobrada para aqueles que tem muita pressa em ter o dinheiro, servindo como uma penalidade por não cumprir os prazos “D” no regulamento. Isso porque o gestor precisa ajustar todas posições quando há uma saída de dinheiro dos investimentos e para isso liquidar as operações podem levar tempo. 

Bom, agora que você já sabe esse monte de custo, veja algumas formas de trabalhar com eles. Uma dica: submeter-se a tudo isso precisa valer a pena, para isso considere: a qualidade, a proposta e o tempo que você deixará a equipe trabalhar (pois de nada adiante ficar trocando de fundo toda hora) para tentar colher resultados.

Os 3 princípios dos investidores dos fundos na hora de escolher

Um bom viés com ações.

Fundos multimercados possuem mais liberdades e diferentes critérios capazes de defender a necessidade de um portfólio com bom posicionamento em renda variável. Com gestores mais livres para entregarem seus melhores resultados.

Do mesmo modo, o fundo pode cumprir uma parte do portfolio que você não costuma cobrir (por falta de tempo ou até vontade). Entre as oportunidades de fundos, há diversas ações que podem atender um segmento específico para deixar a sua carteira mais completa, como: Long Only, Long Based, Small Caps, Long&Short, Trading, Sistemáticos e etc.

Alta diversificação.

Muitos questionam: se ações vai bem, por que não botar tudo em Bolsa? Enquanto tudo vai bem é ótimo, o problema é dar explicação quando dá errado. Então, cuide da defesa antes de atacar.

Do mesmo modo que falamos em diversificação na carteira, também sugerimos a diversificação em gestores. Assim, você se defende entre as ideias de cada casa e distribui o dinheiro com equilíbrio entre os produtos.

Uma diversificação bem-feita, pode oferecer bons retornos para um nível inferior de risco. Junto com os fatores psicológicos, pois uma carteira com risco muito elevado gera enorme pressão, capaz de comprometer os resultados tirando o seu sono por completo.

Pense em uma concentração só em ações domésticas e títulos prefixados, por exemplo. Com alta alocação otimista em Brasil, só cabe ao investidor torcer para tudo dar certo. Isso não é investir, é apostar, cuidado!

Preocupação com impostos.

Trabalhar com a tabela regressiva de IR é fundamental, por isso planejamento e coerência com o valor que será destinado para fundos é muito importante levar em consideração.

Muitos investidores brasileiros possuem certo preconceito com os fundos. 

Alguns por questões de liquidez, essa história dos prazos e tempo pra tirar a grana. Outros pela agilidade, pela falta de contato direto com a funcionalidade do fundo – algo que vem diminuindo via Cartas dos Gestores, Lives e entrevistas para diversas plataformas em prol da transparência.

Mas se esquecem que se paga por profissionais qualificados para entregar resultados e responsáveis por garantir o desempenho e o equilíbrio de risco do fundo. Alguns optam pagar por este benefício. 

É um mercado muito bom. Que merece ser observado e analisado pelo investidor.

Até a próxima semana!